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Crítica
Engenhoca levou "Rocky" ao Oscar
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A palavra de ordem, nas práticas esportivas, é motivação. E,
dessa ótica, parece que os filmes foram inventados para
motivar atletas. Sempre é possível argumentar que, tal como
na blague de João Saldanha
("se macumba ganhasse jogo,
campeonato baiano acabava
empatado"), os recursos motivacionais existem para os dois
lados. Alguém me lembra que
Betão, zagueiro do Corinthians, usou o exemplo de
"Rocky, um Lutador" (TCM,
1h05) para motivar seus companheiros. O que é "Rocky"? A
história de um lutador desconhecido que ganha a chance de
enfrentar um campeão dos pesos pesados. Onde qualquer
outro pularia fora, Rocky agarra bravamente a oportunidade
e se põe a treinar.
Digamos logo, ou alguém devia ter dito ao íntegro zagueiro,
que esse tipo de fábula funciona melhor em Hollywood do
que em outras partes do mundo. E que a glória de "Rocky",
filme no mais excessivamente
sentimental de John G. Avildsen, deve o essencial de sua glória menos ao "canastrismo" de
Sylvester Stallone e ao rosto
sangrante do que à elegância
que uma invenção então recente confere às lutas e, sobretudo,
aos treinos de Rocky.
Trata-se do "steadycam", engenhoca que tem o dom de absorver os desequilíbrios da
imagem. "Rocky" teve o mérito
de descobrir e introduzir esse
invento revolucionário de Garrett Brown. Foi o que transformou uma produção modesta
num ganhador de Oscar.
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