São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Crítica

Engenhoca levou "Rocky" ao Oscar

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A palavra de ordem, nas práticas esportivas, é motivação. E, dessa ótica, parece que os filmes foram inventados para motivar atletas. Sempre é possível argumentar que, tal como na blague de João Saldanha ("se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano acabava empatado"), os recursos motivacionais existem para os dois lados. Alguém me lembra que Betão, zagueiro do Corinthians, usou o exemplo de "Rocky, um Lutador" (TCM, 1h05) para motivar seus companheiros. O que é "Rocky"? A história de um lutador desconhecido que ganha a chance de enfrentar um campeão dos pesos pesados. Onde qualquer outro pularia fora, Rocky agarra bravamente a oportunidade e se põe a treinar.
Digamos logo, ou alguém devia ter dito ao íntegro zagueiro, que esse tipo de fábula funciona melhor em Hollywood do que em outras partes do mundo. E que a glória de "Rocky", filme no mais excessivamente sentimental de John G. Avildsen, deve o essencial de sua glória menos ao "canastrismo" de Sylvester Stallone e ao rosto sangrante do que à elegância que uma invenção então recente confere às lutas e, sobretudo, aos treinos de Rocky.
Trata-se do "steadycam", engenhoca que tem o dom de absorver os desequilíbrios da imagem. "Rocky" teve o mérito de descobrir e introduzir esse invento revolucionário de Garrett Brown. Foi o que transformou uma produção modesta num ganhador de Oscar.


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