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FERNANDO BONASSI
Metáforas futebolísticas para um ano de Copa
Futebol é mesmo uma caixinha de más surpresas, é ou
não é?!
A gente acredita num time jovem, sem aquelas jogadas místicas e viciadas dos olheiros e boleiros do passado e que, além do
mais, era uma meninada que parecia querer não apenas ganhar,
mas dar assim um verdadeiro espetáculo que, se não fosse de crescimento, fosse de amadurecimento, para que ao menos uma dessas
gerações perdidas nas partidas
que não chegam a nada tivesse
chance de alguma coisa...
Era um grupo que se apresentava bem e era reconhecido por jogar limpo...
Há quanto tempo a torcida não
andava com o saco cheio de sujeira, tendo até mesmo exigido a punição de uns e outros mais imundos? Alguns chegaram a ser julgados, passando lisos e ilesos para a
reserva, sendo assim os premiados com o esquecimento das sacanagens que fizeram.
Os titulares mais necessários às
desnecessárias disputas desleais
foram perdoados de suas malandragens nos tribunais, já que os
juízes andam assoprando alto demais por baixo das togas, uniformes e tapetes morais. Fazem
questão de mostrar quem manda
nas próprias leis, penhorando
sentenças sem pudores! Os torcedores, por sua vez, em vez de se
juntarem para conquistar suas
coberturas ao sol, preferem se dividir às porradas nos subterrâneos da cidade...
Legal não é, mas é bem bacana!
Especialmente para os sacanas
que julgam as próprias faltas e
aplicam-se as drogas de punições.
Os cartões não saem dos bolsos.
Nem os vermelhos! Ou, quando
saem, estão tão cheios de recomendações e influências que logo
as firulas das interpretações os colocam na base da indigência desse esquema.
É o de sempre: monta-se uma
equipe de feras, que, à primeira
oportunidade diante dos leões,
corre de rabo entre as pernas,
atrasando a bola para o goleiro. O
goleiro está ali para agarrar, mas
não pega nada, para não se comprometer com um resultado pelo
qual precise responder.
É o de sempre: quando a gente
pensa ter encontrado um craque
para a posição, acaba tendo ungido um escroque pronto para melhorar a sua condição, já que os
bandeirinhas que deviam enxergar e se mexer, foram instruídos,
como a polícia, para baixar o braço e o sarrafo nos descontentes.
É o de sempre: até funciona para aqueles que estão em certas posições de banheira, ou banheiro,
como queiram. É isso mesmo: entre o público e o privado preferem
o "púbico" e a "privada" para o
bem de suas obras arranjadas em
jantares finos, licitações de marmelada e revistas de autopromoção! Armam a confusão dessa retranca na frente do cofre de investimentos sociais e deixam escancarado o dos subsídios para as juras, juros e para o proveito, ou
proventos, desses atacantes fominhas que se acertam em cheio enquanto levamos chapéu.
Alguns nem têm vergonha de se
assumirem banqueiros de apostas, mas são as mesmas lesmas
lerdas desses perdedores...
Não é por falta de tática. É mais
essa tal de ética... ou titica, sei lá...
Os profissionais se concentram
todos cercados de cuidados, seguranças e ares condicionados para
que aumentem a sua potência em
nossa defesa, mas quando vão a
campo fica apenas essa inocência,
incompetência ou impotência de
quem tem medo de chamar o jogo
para si.
Os adversários vêm para cima
mesmo, e a gente desejava um
pouco mais de empenho, reação,
senão de atenção com essas pauladas e balas que nos atiram pelas
costas, como a facada traiçoeira
de um drible da vaca.
É uma vergonha...
Vergonha na cara a gente tem,
acontece que qualquer sem-vergonha pode votar e ser eleito numa eleição, já que não se avalia a
condição mental, mas só a física
dessa elite de cartolas suicidas e
seus procuradores impostores.
Além do mais, os resultados podem estar sendo maquiados,
massageados ou simplesmente
enfiados bem lá dentro das caneleiras, cuecas e calções...
Quanto aos talentos, há os que
jogam muito, enciumando até
mesmo os atletas companheiros;
há os que jogam demais, insistindo em jogadas espirais e jogando
fora as chances de gol apenas porque receiam vencer por si mesmos, "quiçá por nós outros". Há
também os que chutam sem
olhar, contando com a pontaria
do acaso e os que cabeceiam de
olhos fechados no ocaso dos acontecimentos. Todos que, sem tesão
pelas pelotas, ficam nessa "empatação", onde resultados empulhados são exibidos por treinadores
retrancados e travados. Isso sem
contar com chuveirinhos que não
molham e uns lances tão esquisitos que só mesmo a parcimônia
dos apitos não encontra qualquer
penalidade.
A gente sabe que são 11 contra
11, mas tem sempre essa sensação
que falta alguém numa posição
mais definida, cuja contribuição
seja efetiva na decisão do campeonato. Acontece que desde o
primeiro confronto o fôlego não
agüenta para a chegada, ficando
todos meio tontos compondo tantos ideais, estratégias e interesses
difusos...
Cansamos de engolir o que dizem os locutores desses estádios
patrocinados e estúdios comprados de anúncios de televisão.
Se cada ingresso fez toda essa
arrecadação, porque as rendas
são sempre mal contadas e distribuídas, como as favas, que somos
obrigados a engolir para parar
em pé?
A regra até pode ser clara, mas o
jogo anda obscuro que só revendo
no replay para não entender de
uma vez...
@ - fbonassi@uol.com.br
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