São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA GOSTEI

Diálogos impulsionam longa com interpretações de primeira

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Depois de abertura confusa, "O Discurso do Rei" situa-se onde quase todo filme inglês quer estar: no teatro. E ali, frente a frente, define-se o destino da Inglaterra, no encontro entre o futuro rei George 6º e o plebeu Lionel Logue. Ou, se se preferir, entre Colin Firth e Geoffrey Rush, indicados ao Oscar.
Nenhuma surpresa: "O Discurso do Rei" é um show de atores tomando como pano de fundo a relação entre o príncipe gago e o atrevido disposto a curá-lo.
O "subplot" é garantido pela tumultuada história da realeza britânica na primeira metade do século 20.
Destronar o novo rei, apaixonado por uma mulher com dois divórcios nas costas, pode ser uma bela solução para o império, mas não para o príncipe. Agora teria de discursar. Gago? Fica difícil. Seria capaz de superar a deficiência com determinação? Ou com a ajuda de Logue?
Ah, um pouco de excentricidade, de audácia burguesa, convém à aristocracia. Logue vence a resistência do príncipe, que se abre a uma espécie de relação psicanalítica (disfarçada o máximo possível nestes tempos de crença ilimitada na eliminação da psique e na cura da alma com pílulas). Pois a gagueira talvez seja mais que um problema muscular. O príncipe relutará, claro, em falar da vida privada.
É verdade, "O Discurso do Rei" fica léguas abaixo de "A Rainha", de Stephen Frears. Tem a seu favor um quadro histórico riquíssimo e interpretações de primeira, amparadas pelo texto de David Seidler, que pode não ser um Shakespeare, mas seus diálogos impulsionam muito bem a ação.
Por fim: ninguém diga que "O Discurso..." é um filme chapa-branca. Claro que é.

O DISCURSO DO REI

AVALIAÇÃO bom


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