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ARTES PLÁSTICAS
Feira Arco abre hoje
Colecionador faz compras em Madri
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
O cheiro de tinta vai estar fresco
hoje à noite, quando for inaugurada em Madri, para convidados, a
18ª edição da feira de arte contemporânea Arco. O evento deve mostrar o que de mais novo está sendo
produzido por milhares de artistas
de todo o mundo.
"Novo", aqui, não é exagero, já
que, mesmo entre os artistas brasileiros, alguns acabaram de produzir novos trabalhos para a mostra.
É o caso de Adriana Varejão, que,
segundo seu galerista Marcantonio Vilaça, não tinha obras "nem
para fazer chá".
Mas "Tinta" é apenas uma metáfora para a miríade de materiais e
suportes que estarão em exibição
na cidade até o dia 16.
Serão 235 galerias de todo o
mundo -mais de 30 países- tentando vender seu peixe para colecionadores, muitos deles tratados
a pão-de-ló pela organização do
evento, que lhes pagou passagem e
estadia na capital espanhola.
Hoje, o evento abre apenas para a
visita de colecionadores e jornalistas. Amanhã, a abertura será também para o público.
O Brasil estará lá, com as galerias
Camargo Vilaça e Casa Triângulo e
quatro artistas nos "project
rooms", seção em que cada artista
ganha um espaço exclusivo.
O evento é um dos mais importantes do mundo. Concorre apenas com as feiras de Chicago
(EUA) e da Basiléia (Suíça).
Bem tratada também será a França, o país homenageado, que além
de dezenas de galerias, marca presença com mostras nos principais
museus do país.
O envolvimento de instituições
renomadas, como o Centro de Arte
Reina Sofia, que abriga uma retrospectiva da top artista Annette
Messager, só é possível graças à organização do evento, que decide
com anos de antecedência o país
homenageado.
Já estão determinados os lugares
privilegiados até o ano 2005. Depois da França, será a vez da Itália
(2000), Grã-Bretanha (2001), Austrália (2002), Suíça (2003), Canadá
(2004) e Califórnia e Pacífico
(2005).
Segundo o artista e curador
Adriano Pedrosa, a Espanha é o
país que, atualmente, na Europa,
melhor reúne as características de
pólo difusor da arte contemporânea produzida fora dos grandes eixos (Europa e EUA).
"A Espanha é o país que pode
monopolizar essa nova relação da
Europa com a América Latina,
continente que hoje representa "a
arte do outro", já que ele representa
um forte papel no atual panorama
de arte contemporânea, mais forte
mesmo que o da França", disse.
Adriano Pedrosa é o responsável
pela seleção de artistas brasileiros
para os "project rooms": Iran do
Espírito Santo, Edgard de Souza,
Rochele Costi e Sandra Cinto.
"Não me preocupei com uma
amarração conceitual. Procurei
privilegiar artistas pouco vistos na
Europa e que dessem uma idéia
dos diversos níveis de produção
contemporânea no país", afirmou.
Sandra Cinto já está em Madri
para criar um "site specific" (obra
criada especialmente para o local
em que será exibida).
Trata-se de uma instalação com
objetos e esculturas em madeira
torneada em cor cinza. Sobre eles
serão feitos desenhos que explodirão para as paredes da sala.
"A idéia é criar um ambiente
confuso, em que convivam objetos
da arte e da vida. Os desenhos vão
sair dos objetos e tomar conta das
paredes também, para criar uma
idéia de camuflagem", disse ela.
Edgard de Souza comparece com
cinco fotografias da série apresentada na última Bienal e duas esculturas. Uma delas, em bronze patinado de preto, mostra um corpo
espelhado que simula uma força
de retração, como se um quisesse
se afastar do outro. A segunda escultura é uma nova versão da cadeira com dois encostos opostos
que o artista apresentou na mostra
Panorama, no MAM, em 1997.
"Não é uma instalação, mas uma
pequena individual", disse Souza.
Além das obras expostas, a feira
se destaca pelo grande número de
debates que promove, que devem
contar com a participação de cerca
de 80 curadores, artistas, críticos,
galeristas e diretores de museus.
Adriano Pedrosa coordena no
sábado, dia 13, a mesa-redonda
"Perspectivas Estrangeiras: Curadoria de Arte Latino-Americana",
com a presença de Dawn Ades
(universidade de Essex, Inglaterra), María de Corral (curadora da
Fundación La Caixa, em Barcelona) e Lynn Zelevansky (diretora do
Los Angeles County Museum).
Na segunda, dia 15, a crítica de
arte Mónica Amor, de Nova York,
conduzirá uma mesa sobre "o esforço da crítica para repensar os
cânones artísticos", com a presença dos críticos e curadores Carlos
Basualdo, Guy Brett, Okwui Enwezor e Russel Ferguson.
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