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CINEMA
"O Casamento de Romeu e Julieta", em que torcedores rivais se apaixonam, abre festival com 25 filmes no Jockey Club de SP
Palmeirenses e corintianos brigam em tela gigante
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DA REDAÇÃO
Um corintiano roxo em guerra
com uma paixão por uma palmeirense (verde?) deixa os gramados
para se concentrar numa tela de
282 m2, equivalente a um prédio
de seis andares, a céu aberto. É a
segunda edição do Vivo Open
Air, que começa hoje em São Paulo, com "O Casamento de Romeu
e Julieta", de Bruno Barreto, em
sessão só para convidados.
O festival vai apresentar 25 longas, entre premières e clássicos do
cinema, e música com um pé na
eletrônica e outro no circuito alternativo nacional.
O evento começa hoje à noite
em São Paulo (veja programação
nesta pág.) e vai até o dia 31. Depois segue para o Jockey Club do
Rio (de 7 a 28 de abril) e, pela primeira vez, para o Pontão, em Brasília (de 11 a 29 de maio).
Na programação cinematográfica se destacam o trash "Polyester", de John Waters, a animação
"Team America - Detonando o
Mundo", de Trey Parker, um dos
criadores de "South Park", e o documentário musical "Festival Express", de Bob Smeaton.
Na área musical, o Vivo Open
Air tem início com a apresentação
do produtor paulista Apollo 9, baseada em seu CD "Res Inexplicata
Volens", com lançamento em
abril no mercado europeu. Há
ainda os alemães do Sex in Dallas
e os britânicos do Bent.
Paixão
Baseado em conto de Mário
Prata, "O Casamento de Romeu e
Julieta" faz um "retrato bem-humorado e despretensioso sobre a
paixão: como ela pode ser destrutiva, perigosa e, se não houver tolerância, virar fanatismo", conforme explica o diretor. "Queria falar
sobre esse assunto, mas não de
uma maneira séria."
Carioca e flamenguista, Barreto,
50, diz "nunca ter dado bola para
o futebol", mesmo com um fanático -seu pai, o produtor Luiz
Carlos Barreto- em casa. "Gosto
apenas do espetáculo que o futebol causa. E isso, para mim, está
na torcida, é isso que me interessa. O pano de fundo é o futebol,
mas a história não é só isso." E
completa com algumas farpas para o atual cenário nacional, com
lançamentos como "Garrincha" e
"Pelé Eterno": "Futebol as pessoas querem ver no estádio, não
na telona, não no cinema".
Declaração de amor a São Paulo
e a seus personagens, é possível
traçar uma simetria entre "O Casamento de Romeu e Julieta" e
"Bossa Nova". "Enquanto este é
supercarioca, "O Casamento" é
muito paulista. Mas "Bossa Nova"
é apenas uma comédia romântica. Fiz agora algo muito mais
complexo. É uma tragicomédia
romântica com um final feliz."
Com orçamento de quase R$ 8
milhões, Barreto crê ter feito um
filme diferente de anteriores, como "O que É Isso, Companheiro?" (97) e "Bossa Nova" (99).
"Aqui tive toda a liberdade e inventei de contar essa história em
tom de comédia italiana. As pessoas têm uma certa expectativa de
mim. Qual eu não sei, porque o
meu filme anterior ["Voando Alto'] foi um fracasso. Mas você
aprende muito mais com o erro
do que com o sucesso." O que você aprendeu? "Nunca mais vou fazer um filme em que eu não tenha
o controle absoluto, em que eu tenha de fazer concessões a um
grande estúdio. Volto para os
EUA, mas só para fazer filmes independentes. É por isso que hoje
em dia é raro ver um bom filme
americano."
Após a estréia oficial de "O Casamento de Romeu e Julieta",
marcada para o próximo dia 18,
sua agenda para próximos longas
já está cheia. Começa com a versão ficcional de "Ônibus 174", de
José Padilha, escrita por Bráulio
Mantovani ("Cidade de Deus").
"É o melhor roteiro que eu já vi na
minha vida. Vai ser totalmente diferente do documentário. A mãe
adotiva dele virou um personagem importante, e a seqüência do
seqüestro do ônibus vai ser só um
clímax. O Padilha fez um filme no
estilo de "Um Dia de Fúria", um
thriller, tenso. O meu é um drama
humano, um épico humano."
Outro projeto é com Ariel Dorfman ["A Morte e a Donzela"] e vai
se chamar "Los Angeles, Cidade
Aberta", sobre um agente da fronteira que chegou aos EUA como
um imigrante ilegal. "É sobre o
que te define como ser humano",
explica Barreto. "Mas antes devo
verter para o cinema "Elizabeth
Bishop", o monólogo da Marta
Góes, que vai se chamar "Saudade
do Brasil". Estou começando a escrever com ela."
Vivo Open Air
Quando: hoje, às 21h (para convidados);
amanhã, a partir das 20h; em São Paulo,
o evento vai até 31 de março
(programação completa em www.vivo.com.br/vivoopenair)
Onde: Jockey Club (av. Lineu de Paula
Machado, 1.263, Cidade Jardim, São
Paulo, tel. 0/xx/11/3031-2030)
Quanto: R$ 36
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