São Paulo, segunda-feira, 10 de março de 2008

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"O Orfanato" executa bem equação de terror

Primeiro longa do catalão Juan Antonio Bayona contou com prestígio do produtor Guillermo del Toro

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A polêmica que costuma cercar a escolha do candidato brasileiro ao Oscar de filme estrangeiro, como a que opôs "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias" a "Tropa de Elite", encontra paralelo em diversos outros países, entre os quais a Espanha, que concorreu na última disputa, também sem obter indicação, com o longa-metragem "O Orfanato".
Parte da comunidade cinematográfica espanhola preferia que o representante fosse o drama "La Soledad", de Jaime Rosales, sobre o impacto de um atentado terrorista em Madri, vencedor do Goya (o mais importante prêmio nacional) de filme e direção.
Até mesmo o cineasta Pedro Almodóvar já foi para escanteio, em 2002 (com "Fale com Ela", que perdeu a escolha doméstica para "Segundas-Feiras ao Sol", de Fernando León de Aranoa) e em 2004 (com "Má Educação", preterido em favor de "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar, que acabou levando o Oscar).
Na opção por "O Orfanato", primeiro longa-metragem do catalão Juan Antonio Bayona, prevaleceu o pragmatismo de apostar no prestígio obtido por seu produtor, o mexicano Guillermo del Toro, com "O Labirinto do Fauno", que recebeu três Oscar (em um total de seis indicações, incluindo a de filme estrangeiro, representando o México).
Há também semelhanças de formato, ainda que "Fauno" seja bem mais ambicioso, ao combinar drama político com filme de horror.
"O Orfanato" se contenta em explorar a segunda parte da equação, requentada em chave de suspense com o objetivo de assustar o público, o que ajudou a transformá-lo em sucesso de bilheteria na Espanha.
Não se deve esperar nenhuma novidade, apenas competência quase matemática no uso de convenções de ambos os gêneros, facilmente reconhecidas pelo espectador (e nem por isso necessariamente ineficazes). O cenário é o casarão onde funcionava o orfanato em que a protagonista (Belén Rueda, de "Mar Adentro") viveu durante sua infância.
Eventos sobrenaturais tumultuam seu bem-intencionado retorno ao lugar, com remissões fantasmagóricas ao passado, mas mistérios que se explicam no presente, na tradição dos espectros que, embora apavorantes, são frágeis se comparados ao que podem, ainda que involuntariamente, os seres de carne e osso.


O ORFANATO
Produção:
México/Espanha, 2007
Direção: Juan Antonio Bayona
Com: Belén Rueda, Fernando Cayo, Geraldine Chaplin, Montserrat Carulla e Mabel Rivera
Onde: Anália Franco 8, Bristol 7 e Cine Bombril 1
Avaliação: bom


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