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"O Orfanato" executa bem equação de terror
Primeiro longa do catalão Juan Antonio Bayona contou com prestígio do produtor Guillermo del Toro
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
A polêmica que costuma cercar a escolha do candidato brasileiro ao Oscar de filme estrangeiro, como a que opôs "O Ano
em que Meus Pais Saíram de
Férias" a "Tropa de Elite", encontra paralelo em diversos outros países, entre os quais a Espanha, que concorreu na última disputa, também sem obter
indicação, com o longa-metragem "O Orfanato".
Parte da comunidade cinematográfica espanhola preferia
que o representante fosse o
drama "La Soledad", de Jaime
Rosales, sobre o impacto de um
atentado terrorista em Madri,
vencedor do Goya (o mais importante prêmio nacional) de
filme e direção.
Até mesmo o cineasta Pedro
Almodóvar já foi para escanteio, em 2002 (com "Fale com
Ela", que perdeu a escolha doméstica para "Segundas-Feiras
ao Sol", de Fernando León de
Aranoa) e em 2004 (com "Má
Educação", preterido em favor
de "Mar Adentro", de Alejandro Amenábar, que acabou levando o Oscar).
Na opção por "O Orfanato",
primeiro longa-metragem do
catalão Juan Antonio Bayona,
prevaleceu o pragmatismo de
apostar no prestígio obtido por
seu produtor, o mexicano Guillermo del Toro, com "O Labirinto do Fauno", que recebeu
três Oscar (em um total de seis
indicações, incluindo a de filme
estrangeiro, representando o
México).
Há também semelhanças de
formato, ainda que "Fauno" seja bem mais ambicioso, ao combinar drama político com filme
de horror.
"O Orfanato" se contenta em
explorar a segunda parte da
equação, requentada em chave
de suspense com o objetivo de
assustar o público, o que ajudou a transformá-lo em sucesso de bilheteria na Espanha.
Não se deve esperar nenhuma novidade, apenas competência quase matemática no
uso de convenções de ambos os
gêneros, facilmente reconhecidas pelo espectador (e nem por
isso necessariamente ineficazes). O cenário é o casarão onde
funcionava o orfanato em que a
protagonista (Belén Rueda, de
"Mar Adentro") viveu durante
sua infância.
Eventos sobrenaturais tumultuam seu bem-intencionado retorno ao lugar, com remissões fantasmagóricas ao passado, mas mistérios que se explicam no presente, na tradição
dos espectros que, embora apavorantes, são frágeis se comparados ao que podem, ainda que
involuntariamente, os seres de
carne e osso.
O ORFANATO
Produção: México/Espanha, 2007
Direção: Juan Antonio Bayona
Com: Belén Rueda, Fernando Cayo, Geraldine Chaplin, Montserrat Carulla e
Mabel Rivera
Onde: Anália Franco 8, Bristol 7 e Cine
Bombril 1
Avaliação: bom
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