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Eclético, gênero baiano nasce da fusão de estilos
Sucesso de Luiz Caldas que inaugurou o gênero em 85 promoveu misturas inéditas
Experiente percussionista, Márcio Victor, do Psirico, tocou com Caetano Veloso e é apontado como um dos promissores nomes do axé
DA REPORTAGEM LOCAL
Chamado de gênero, o axé
acaba por extrapolar os limites
dessa designação.
"São diversos estilos musicais. É um tipo de repertório",
defende o professor Milton
Moura, da UFBA, que cita o
Carnaval e a exaltação da identidade baiana até os anos 90 como os denominadores comuns
da cena. "Tem canções de axé
que são marchas, outras são
próximas do samba dos blocos
afros. Um reggae pode ser tocado como axé music", afirma.
"Ele é uma cena, não é um
ritmo. É muita coisa, misturou-se muito", afirma o jornalista
Osmar Martins. Para Daniela
Mercury, o axé é uma vertente
dançante da MPB, que bebeu
no galope, no samba-reggae, no
samba de roda e até no rock.
E esse sincretismo musical
foi a base do primeiro sucesso
do axé, "Fricote", do disco "Magia" (1985), de Luiz Caldas.
Na época, o cantor tocava em
bailes da Bahia, "de Jackson Five a Pink Floyd", e dava seus
primeiros passos no Carnaval.
"Mas a música tocada era o frevo pernambucano e o galope ligado a São João. Eu não queria
fazer uma coisa só", disse Caldas, 47, à Folha. O cantor então
uniu sua bagagem de bailes aos
ritmos do Carnaval. "Ele é o
primeiro artista pop desse universo", diz Daniela, que prepara um documentário sobre os
25 anos do gênero.
Moura chama a atenção para
o fato de Caldas, assim como
Gerônimo, outro pioneiro do
axé, continuar a lançar discos e
a fazer shows na Bahia.
Já Martins argumenta que os
dois, assim como Sara Jane (do
sucesso "A Roda"), não conseguiram continuar em evidência
justamente pelo seu pioneirismo. "A chamada segunda geração do axé, de Daniela, já pegou
um mercado que estava se formando. Eles tiveram uma visão
profissional e souberam se
manter até hoje", diz. "A Bahia
se profissionalizou", completa
Ivete Sangalo.
Psirico
Entre novos nomes do gênero, Ivete cita as bandas Psirico,
de Márcio Victor, e Parangolé,
do hit "Rebolation", como nomes fortes do samba e pagode
baiano. Lembra ainda do cantor Tomate, "uma grande voz e
um showman", também citado
por Martins, além de Mariana
Assis, vocalista da Banda Mina.
Moura também destaca Márcio Victor e o Psirico. "Ele criou
um tipo de bloco que é ao mesmo tempo axé music, pagode,
groove, música eletrônica. Ele
faz arranjos muito bem feitos,
misturando tudo com tudo."
O vocalista tem uma longa
carreira como percussionista
na Bahia: tocou com Araketu,
Timbalada, Daniela Mercury e
Ivete Sangalo (na Banda Eva e
no começo da carreira solo da
cantora) e gravou disco de Carlinhos Brown. Por oito anos, fez
parte da banda de Caetano Veloso. Participou de cinco discos
do cantor e das respectivas turnês desses álbuns.
Márcio Victor, no entanto,
acha que o Psirico pende mais
para o pagode baiano do que
para a axé music, confundindo
as ainda mais tênues fronteiras
da cena. "Eu me considero um
sambista."
(BRUNA BITTENCOURT)
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