CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

O show que Chico César levou ao palco do Heineken Concerts, na última sexta-feira, tinha tudo para dar certo: excelentes músicos, ótimas composições e Nelson Ayres regendo um naipe formado por sete cordas. Mas não deu.
O som do naipe ficou achatado e, quando escutado, não justificava a sua presença.
O molho que teve como ingredientes Guilherme Kastrup e Marcos Suzano arrebentando na percussão, Toninho Ferragutti no acordeom, Sacha nos teclados, Swami no baixo elétrico, Célio Barros no baixo acústico e João Linhares na guitarra, regou bem vários pratos. Entre eles, "Baião", "Aquidauana", "Mand'ela" e, é claro, "Mama África".
Tudo ia bem até o paraibano chamar ao palco sua elegante convidada, a cantora, compositora e atriz alemã Cora Frost, que pode ter todas essas qualificações, mas a de cantora não.
Uma graça sem graça, em que ambos dialogavam se traduzindo mutuamente, esfriou o molho que acompanhou, desta vez, pratos como "Wir Flieh'n", "Babyboy" e "Talvez Você".
Alguém na platéia reclamou a presença de Salif Keita -a segunda atração da noite-, fazendo com que Chico César, abalado pela solicitação, interrompesse o show com um amargo discurso, antes de cantar "Rebelde".
"Convivem, em São Paulo, a grosseria e a delicadeza, a educação e a deseducação. Estou aqui há 15 anos. Já me acostumei". Ok, quem quisesse assistir apenas o segundo show, que fosse antes ao cinema.
No entanto, a dúvida que paira no ar é: será que as pessoas não queriam vê-los juntos, como foi prometido no release distribuído à imprensa?

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