São Paulo, quarta-feira, 10 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RÁDIO

Primeira transmissão faz 80 anos e ninguém quer bancar a festa

LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia 7 de setembro faz exatos 80 anos que o Brasil ouvia pela primeira vez uma transmissão por rádio. Epitácio Pessoa, o então presidente da República, falava, meio sem jeito, sobre o centenário da Independência.
Quase ninguém tinha aparelho para escutá-lo, mas foi uma verdadeira comoção nacional.
Hoje, quando atinge em um dia 70% da população do país, o rádio patina em um mercado que pouco reconhece seu potencial de comunicação. Do bolo publicitário, menos de 5% vão para as AMs e FMs e quase tudo fica com a TV.
Para tentar melhorar a situação, os empresários vão usar e abusar da comemoração dos 80 anos da transmissão de Epitácio Pessoa.
Mas o jogo não será fácil. No Rio, por exemplo, a agência de cultura Sarau está há um ano tentando patrocínio para uma megaexposição, intitulada "História do Rádio", mas só ouviu não até agora -da iniciativa privada e do governo. "Há preconceito no mercado contra o rádio. Mas o público certamente tem muito interesse pela história desse veículo de comunicação", afirma a produtora Ana Luisa Lima.
O projeto prevê a montagem de oito salas representando cada década do rádio no Brasil. Os ambientes teriam decoração e um aparelho de rádio da época, tocando uma música ou uma notícia veiculada no período.
Está nos planos também um musical com a participação da atriz global Drica Moraes. Paralelamente à exposição, haveria palestras sobre mercado, história, tecnologia. João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, e Zuza Homem de Mello, produtor musical e escritor, aceitaram participar.
Orçada em R$ 735.552, "História do Rádio" conseguiu esta semana autorização do Ministério da Cultura para captar recursos pelas leis de incentivo fiscal.
Mas Lima ainda prevê dificuldades. Para isso, já tem uma saída: "Há duas correntes sobre a história do rádio no Brasil. Uma defende que a transmissão de 7 de setembro de 1922 foi o início de tudo. Mas, como quase ninguém tinha aparelho e as transmissões regulares só começaram a partir de 1923, alguns pesquisadores dizem que os 80 anos só poderiam ser comemorados em 2003. Se conseguirmos patrocínio logo, escolhemos a primeira versão. Se continuar difícil, adiamos para a exposição para o próximo ano e damos a segunda versão como desculpa", brinca Lima.
Pelo jeito, o negócio é continuar pesquisando para tentar encontrar outras e outras datas. Ou então esperamos 2022 e comemoramos o centenário. Que tal?

laura@folhasp.com.br


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Música: Juiz ironiza Ordem dos Músicos do Brasil em sentença
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.