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RÁDIO
Primeira transmissão faz 80 anos e ninguém quer bancar a festa
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No dia 7 de setembro faz exatos 80 anos que o Brasil ouvia pela primeira vez uma transmissão por rádio. Epitácio Pessoa,
o então presidente da República,
falava, meio sem jeito, sobre o
centenário da Independência.
Quase ninguém tinha aparelho
para escutá-lo, mas foi uma verdadeira comoção nacional.
Hoje, quando atinge em um dia
70% da população do país, o rádio
patina em um mercado que pouco reconhece seu potencial de comunicação. Do bolo publicitário,
menos de 5% vão para as AMs e
FMs e quase tudo fica com a TV.
Para tentar melhorar a situação,
os empresários vão usar e abusar
da comemoração dos 80 anos da
transmissão de Epitácio Pessoa.
Mas o jogo não será fácil. No
Rio, por exemplo, a agência de
cultura Sarau está há um ano tentando patrocínio para uma megaexposição, intitulada "História
do Rádio", mas só ouviu não até
agora -da iniciativa privada e do
governo. "Há preconceito no
mercado contra o rádio. Mas o
público certamente tem muito interesse pela história desse veículo
de comunicação", afirma a produtora Ana Luisa Lima.
O projeto prevê a montagem de
oito salas representando cada década do rádio no Brasil. Os ambientes teriam decoração e um
aparelho de rádio da época, tocando uma música ou uma notícia veiculada no período.
Está nos planos também um
musical com a participação da
atriz global Drica Moraes. Paralelamente à exposição, haveria palestras sobre mercado, história,
tecnologia. João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, e Zuza Homem de
Mello, produtor musical e escritor, aceitaram participar.
Orçada em R$ 735.552, "História do Rádio" conseguiu esta semana autorização do Ministério
da Cultura para captar recursos
pelas leis de incentivo fiscal.
Mas Lima ainda prevê dificuldades. Para isso, já tem uma saída:
"Há duas correntes sobre a história do rádio no Brasil. Uma defende que a transmissão de 7 de setembro de 1922 foi o início de tudo. Mas, como quase ninguém tinha aparelho e as transmissões regulares só começaram a partir de
1923, alguns pesquisadores dizem
que os 80 anos só poderiam ser
comemorados em 2003. Se conseguirmos patrocínio logo, escolhemos a primeira versão. Se continuar difícil, adiamos para a exposição para o próximo ano e damos
a segunda versão como desculpa", brinca Lima.
Pelo jeito, o negócio é continuar
pesquisando para tentar encontrar outras e outras datas. Ou então esperamos 2022 e comemoramos o centenário. Que tal?
laura@folhasp.com.br
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