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Um é pouco e dois é bom em "Política", polêmico romance inglês, sobre um triângulo amoroso, que sai no Brasil
Três é demais
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Esqueça toda aquela lenga-lenga de soma dos quadrados de catetos igual ao quadrado da hipotenusa. Os triângulos não serão
mais os mesmos com a chegada
às livrarias de "Política".
Primeiro romance de um jovem
escritor britânico, o livro já causou furor Europa adentro com
sua nova equação para os três lados de um triângulo amoroso.
O "ménage à trois" de um rapaz
com duas garotas, narrado com
requintes ginecológicos pelo londrino Adam Thirlwell, agora está
entre nós, como segundo título da
coleção de romances "safados" da
Companhia das Letras, inaugurada com livro de Rubem Fonseca.
"Política" começou a fazer barulho já no interior da barriga grávida de seu autor. Ainda inédito,
Thirlwell foi escolhido um dos
melhores jovens autores do Reino
Unido por um júri da badalada
revista "Granta" que lera seus manuscritos. "Foi tudo bizarramente
rápido. Terminei o livro em outubro de 2002. Olhava aquela pilha
de papel e pensava que ninguém
ia lê-las. Em seis semanas meu livro estava negociado em 20 países
e eu "virara" um dos melhores autores da Inglaterra", diz Thirlwell.
Em entrevista à Folha, o escritor, de experientes 25 anos, comenta o seu romance, que mostra
por que um é pouco, dois é bom e
três é demais. Leia trechos.
Folha - "Política" tem muitas cenas polêmicas de sexo. Você enfrentou alguma reação, algum
abaixo-assinado de uma liga de senhoras ou algo assim?
Adam Thirlwell - Em alguns países, especialmente na Itália, tive
algumas respostas mais conservadoras. Talvez seja o catolicismo.
Acho que na Inglaterra as pessoas
estão acostumadas. Nos últimos
20 anos saíram aqui muitos livros
desse tipo. Ainda assim sempre
existe algo de neurótico nas pessoas quando o assunto é sexo.
Folha - Muitas vezes suas descrições de sexo são "mecânicas". Isso
foi pensado, para mostrar que o
ato sexual pode ser chato como um
manual de instruções ("ele pôs o
dedo lá", "ela pegou ali")?
Thirlwell - Não achei que poderia parecer chato (risos). Estava
tentando com isso ser sim um
pouco subversivo. Existe uma
pornografia anatômica, irreal, na
qual quando menos se espera estão 14 pessoas fazendo sexo. No
outro extremo existe uma forma
totalmente antipornô, lírica, de
tratar do assunto. Queria ficar no
meio-termo, descrever sexo como
se descrevesse qualquer outra coisa. Quando narro coisas do tipo
"ele pôs o dedo lá", busco retratar
os personagens em momentos de
extrema consciência de seus atos.
O importante para mim era não
mistificar o sexo. E, sim, também
mostrar que pode até ser chato.
Folha - Como foi seu processo de
pesquisa para o livro? Você teve de
se sacrificar com "ménages à trois"
e coisas do tipo em nome da ficção?
Thirlwell - (Risos) Não, nunca fiz
isso. É só imaginação. Deus meu!
O que não devem pensar de minha vida sexual...
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