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Templo gay Heaven
fecha para mudar
especial para a Folha, de Londres
Chama-se Demolition Party e acontece amanhã uma das noites mais tristes para a comunidade gay mundial. A Heaven, casa londrina pioneira na cena e na música eletrônica, fecha as portas depois de 19 anos. Ela reabre em julho, mas as coisas não serão mais como antes.
No lugar de duas pistas e dois bares espaçosos, a Heaven vai virar um clube com café, salas vip e confortáveis salas de chill-out. A intenção é proporcionar um espaço mais tranquilo para "uma geração que cresceu" no club, com espaço para bate-papo entre aqueles que se recusam a dançar.
Quando foi aberta, em 79, a Heaven era um dos poucos territórios livres na capital inglesa. A capacidade de 1.500 pessoas raramente era atingida, mas muita gente, como Boy George, frequentou a casa antes de assumir a homossexualidade. Em 81, Richard Branson, o ex-hippie que construiu a Virgin e um dos primeiros grandes empresários a sair do closet, comprou o clube por menos de R$ 1 milhão.
Durante a década de 80, Madonna e Grace Jones fizeram shows no local, quando vendiam apenas um punhado de discos. E, em 88, quando a acid house começava a ser criada no Reino Unido, a casa virou referência.
Os DJs Ian St. Paul e Paul Oakenfold lançaram ali o Spectrum: Theatre of Madness, as noites de segunda-feira que entraram para a história. A partir daí, o público ficou mais misto -embora sempre majoritariamente gay - e as filas chegavam até a estação de Charing Cross, quarteirões abaixo.
Quando os jornais sensacionalistas ingleses resolveram detonar o consumo de Ecstasy, as raves e a acid house, um dos primeiros alvos foi o Spectrum, que teve de mudar de nome -virou Rage. Até esta semana, a casa realizava noites fantásticas, como a Altered States.
Branson parece comprometido com o espírito da casa e não tem intenção de vendê-la ou transformá-la num Planet Hollywood da cultura gay. No ano passado, o empresário financiou o Gay Pride inglês e passou o Natal dançando, no clube.
(DENISE BOBADILHA)
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