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RELÂMPAGOS
Coríntios
JOÃO GILBERTO NOLL
Ela chegava no quarto do
hotel de madrugada, abria a
gaveta, pegava o volume. Ia
aos Coríntios. O nome parecia amortecer um pouco o
frenesi que lhe era caro por
quase todo o dia. Via um sujeito em vestes da antiguidade. Provável guardião de algo fora de foco ou de alcance.
Se isso acaso brilhasse, emitiria na certa seus raios num
avesso cujo acesso não permitiria volta, o testemunho.
E ela se despe, deita junto do
amante que a acompanha
desde sempre pelas estradas
entre os palcos. Um homem
irreal como todo o primeiro
amante que simplesmente
amanhece morto na cama
anônima de um hotel. Ela toca, verifica. Não grita.
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