São Paulo, Quinta-feira, 10 de Junho de 1999
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RELÂMPAGOS
Coríntios

JOÃO GILBERTO NOLL

Ela chegava no quarto do hotel de madrugada, abria a gaveta, pegava o volume. Ia aos Coríntios. O nome parecia amortecer um pouco o frenesi que lhe era caro por quase todo o dia. Via um sujeito em vestes da antiguidade. Provável guardião de algo fora de foco ou de alcance. Se isso acaso brilhasse, emitiria na certa seus raios num avesso cujo acesso não permitiria volta, o testemunho. E ela se despe, deita junto do amante que a acompanha desde sempre pelas estradas entre os palcos. Um homem irreal como todo o primeiro amante que simplesmente amanhece morto na cama anônima de um hotel. Ela toca, verifica. Não grita.


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