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Festival de Avignon começa
de olho no próximo milênio
RICARDO FERNANDES
especial para a Folha
Começa hoje a 51ª edição do Festival de Avignon, na França, reconhecido como um dos mais importantes eventos de teatro e dança do velho continente.
Avignon não se destaca tanto por
sua programação, sempre voltada
aos valores já reconhecidos no
mercado, mas por sua organização e oportunidade de negócios.
Durante um mês, a cidade no sul
da França se transforma em uma
grande feira onde produtores e diretores de festivais de todo o mundo trocam informações e pautam
suas programações para o próximo ano.
Nesta edição, a direção tenta estabelecer novos critérios, buscando mostrar o que seria o teatro no
próximo milênio.
O discurso oficial dos organizadores é inovador, mas não corresponde à realidade, pois os espetáculos desta edição continuam sendo aqueles que não permitem controvérsias.
A programação engloba Philippe
Genty, Hanna Schygulla e a mais
nova coreografia de Angelin Prejlocaj, o que garante a certeza do
sucesso.
Russos
Prometendo surpresas, o diretor
do festival Bernard Faivre d'Arcier
aponta como atração o "pacote"
de apresentações de teatro russo.
Segundo d'Arcier, "além de nos
darem a tradição do teatro ocidental, os russos nos mostram agora
os novos caminhos das artes cênicas para os tão anunciados novos
tempos".
Os novos diretores russos citados pelo diretor começaram a se
destacar nos anos 90, em meio às
mudanças pelas quais passou o
país.
O atelier de Piotr Fomenko, uma
das principais escolas dessa nova
safra, apresenta quatro espetáculos diferentes, em que o elenco é o
mesmo e os diretores se alternam.
O principal destaque dessa programação é Anatoli Vassiliev, que
já dirigiu montagens na Comédie
Française e na Ópera de Weimar e
estréia em Avignon um espetáculo
baseado no livro bíblico "Jeremias" e sua versão de "Amphitrion", de Molière.
As peças de Vassiliev são conhecidas principalmente pela cenografia -Igor Popov é o seu inseparável cenógrafo- e pela preparação quase perfeita dos atores.
Outra "certeza" do festival,
apontado por diversas publicações
como o grande destaque de Avignon 97, é o grupo Théâtre Zingaro
-teatro cigano em francês.
Os atores do grupo, que são exímios cavaleiros, bailarinos e cantores, misturam tradições de vários países em suas apresentações
sempre concorridas.
Eles estréiam no festival o novo
espetáculo "Eclipse", em que
cantos e danças ciganas são mesclados a rituais religiosos coreanos.
O espetáculo não possui nenhuma cor além do branco e do preto.
É construído somente com luzes e
sombras.
Além do festival oficial, Avignon
também é sede de evento paralelo,
chamado "Avignon sur Festival", que envolve mais de 50 grupos europeus, que se apresentam
em pequenos teatros, ateliês da cidade e nas ruas.
Tradicionalmente, é dessa programação que costumam surgir as
verdadeiras surpresas.
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