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"SL ainda não esgotou suas possibilidades"
DA REPORTAGEM LOCAL
O escritor e jornalista britânico Tim Guest acaba de publicar no Reino Unido "Second Lives - A Journey Through Virtual Worlds" (segundas vidas,
uma jornada pelos mundos virtuais), no qual estuda o fenômeno da realidade virtual.
Errol Mysterio é seu avatar
(palavra que tem origem no
sânscrito e quer dizer transformação ou reencarnação), que
há três anos e meio observa o
crescimento do Second Life.
Para ele, o fenômeno se assemelha ao da internet dos anos
90. "Ninguém imaginava em
1994 ou 1995 o que o Google seria hoje", compara.
FOLHA - Em seu livro, você conta
que comprou uma Ferrari no SL, mas
quase não a usou porque não precisava de um carro. O consumo no
mundo virtual faz menos sentido?
GUEST - Neste momento, com
certeza. Na música, na arte ou
em qualquer movimento que
esteja começando, a tendência
é que ele atraia pessoas que
gostam de experimentar. Mas
isso deve mudar. Um estudo recente da Gartner, uma empresa
de pesquisas da Califórnia, diz
que, em 2011, 80% dos usuários
da internet terão um avatar, no
SL ou em outro lugar. Será uma
forma de as pessoas interagirem umas com as outras para
além do e-mail ou do MySpace.
FOLHA - A Linden Lab, criadora e
proprietária do SL, tem como controlar a política e a moral no jogo?
GUEST - Acredito que eles não
tenham recursos para controlar a política e a moral como um
governo do mundo real. Quando estive na sede da Linden
Lab, há dois anos, eram apenas
30 empregados -hoje devem
ser mais, mas não muito mais.
Então, acho que eles esperam
que as pessoas se policiem.
Além disso, se eu não gosto de
alguém ou se alguém me incomoda, posso bani-lo. Há uma
mulher chinesa que acumulou
US$ 1 milhão vendendo e comprando terras virtuais. Hoje, ela
possui cerca de 10% do SL. Se
ela não gostar de alguém ou se
alguém quebrar as regras, ela
pode proibir a entrada dessa
pessoa em suas propriedades.
FOLHA - Um analista disse recentemente que, para uma empresa, a
importância de estar no SL é a mesma de se fazer marketing de rua no
Iraque. Você concorda?
GUEST - Não. Há coisas novas
muito interessantes acontecendo. A Sky News, um canal de
notícias britânico, abriu uma
ilha onde dá para assistir à televisão, ver os estúdios, e o público pode ter questões respondidas dentro desse mundo virtual. Há também empresas que
usam o SL como uma ferramenta, que promovem reuniões com pessoas de diferentes lugares. O SL é como a internet nos anos 90. Ninguém imaginava em 1994 ou 1995 o que o
Google seria hoje. Ainda não se
sabe o formato que isso tomará.
FOLHA - No ano passado, 1 milhão
de pessoas se registraram no SL,
mas apenas 100 mil voltaram em janeiro deste ano. Qual é a verdadeiro
número de habitantes do SL?
GUEST - Eles são bastante
transparentes em relação às estatísticas. O número de pessoas
que se registram e voltam com
alguma freqüência é de 10%.
FOLHA - Qual é o futuro do SL? Ele
vai se expandir?
GUEST - Acho que sim, só não
tenho certeza se será o próprio
SL ou outro "mundo". Mas não
acredito que elas substituirão o
que já existe, serão apenas uma
nova forma de se conectar.
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