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PELO BRASIL
Produções locais lotam teatros baianos
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
Dez anos depois da explosão da
axé music, o teatro de Salvador começa a trilhar o mesmo caminho
que levou a música baiana a conquistar mercados.
Atualmente, as produções baianas são responsáveis pela programação de 19 dos 20 teatros da cidade de Salvador -a única exceção é
o teatro Castro Alves.
"O teatro baiano ganhou fôlego
desde que deixamos de lado a forma de representar e dirigir do Rio
de Janeiro e de São Paulo", diz o
diretor Márcio Meirelles, 44.
Meirelles, que atualmente dirige
o espetáculo "Um Tal de Dom
Quixote", já levou peças para Rio,
São Paulo e Londres.
"Temos desde o humor escrachado até a sátira política e o drama, mas nossa forma de representar, dirigir e escrever é diferente
daquela divulgada no eixo Rio-São
Paulo."
"Deixei a faculdade de engenharia para ser ator e, há dez anos, sobrevivo do teatro baiano", afirma
Ricardo Bittencourt, do grupo de
teatro Los Catedrásticos.
Formado pelos atores Cyria
Coentro, Maria Menezes, Jackson
Costa e Zéu Brito, além de Bittencourt, o grupo vem lotando os teatros de Salvador com as peças
"Suburra" e "Novíssimo Recital
da Poesia Baiana".
A inauguração do teatro Vila Velha, em 1964, marcou o início do
profissionalismo teatral na Bahia.
Porém, passaram-se mais de 20
anos para que as produções locais
ganhassem personalidade própria.
"As produções locais começaram a ganhar público e notoriedade a partir de 1988", diz a dramaturga Aninha Franco.
Ela é autora do espetáculo "Os
Cafajestes" -recordista de público no Rio no ano passado e vencedor do prêmio Sharp de melhor
musical em 96.
A dramaturga prevê um futuro
promissor para as produções locais. "Temos um excelente mercado, com público cativo, bons
teatros, atores, diretores e autores
de qualidade. A tendência é de
crescimento, mas ainda falta profissionalização", afirma.
Segundo Aninha Franco, essa
nova fase do teatro baiano começou com a estréia de "A Bofetada" -espetáculo irreverente, dirigido por Fernando Guerreiro,
que vem sendo encenado há seis
anos em Salvador e diversas cidades brasileiras.
"Na Bahia, ninguém faz sucesso
no teatro porque protagonizou
uma novela. Não temos uma rede
de televisão por trás. O que atrai o
público é a nossa forma irreverente de fazer teatro, criando uma
identificação inconfundível com a
comunidade", declara Bittencourt.
Além das peças humorísticas,
que exaltam os signos da baianidade ("A Bofetada", "Os Cafajestes", "Novíssimo Recital da Poesia Baiana" e "Noviças Rebeldes"), também fazem sucesso na
cidade de Salvador as sátiras políticas e o drama.
Entre os espetáculos de maior
público nos últimos meses estão
diversas peças que não são de humor, como "Cabaré das Raças",
"Abismos de Rosas", "O Casamento do Pequeno Burguês",
"Ecos", "Medéia", "Suburra"
e "Oficina Condençada".
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