São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2001

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VERÃO EUROPEU

Para vocalista do grupo francês, festivais na Inglaterra tanto podem ajudar como atrapalhar carreira

Banda Phoenix tem medo dos ingleses

DA REPORTAGEM LOCAL

Os franceses do Phoenix, que estão entre os destaques do festival V2001, estão felizes da vida, mas morrendo de medo também.
Para Thomas Mars, 24, vocalista da banda, participar de um megafestival como o V, pode funcionar como uma faca de dois gumes. "Os ingleses têm esse estranho poder de te colocar no topo do mundo num dia e depois te jogar sobre uma pilha de merda no momento seguinte", disse, em entrevista à Folha, de Paris.
Por enquanto, o Phoenix se regala com seu momento "topo do mundo" no Reino Unido. Aparece em revistas bacanas, programas de rádio e seu único CD, "United", de 2000, circula pela lista dos discos alternativos mais vendidos.
Musicalmente, o grupo parisiense destoa do que há no cenário inglês. É pop, mas não é lento e melancólico como tantos grupos que estão estourados na Inglaterra (Muse, Kings of Convenience, Coldplay, Alfie...).
Tem momentos roqueiros, com influências de AC/DC, mas não chega nem perto de ser um novo Marilyn Manson.
É francês e, como muitos compatriotas, tem batida house. Mas não lembra Daft Punk nem Air.
Thomas Mars, o vocalista, explica melhor na seguinte entrevista. (CLAUDIA ASSEF)

Folha - Esta será a primeira vez que vocês participam de um festival tão grande, não? Estão preparados?
Thomas Mars -
Estamos superfelizes, mas também temos medo da Inglaterra. Os ingleses têm esse estranho poder de te colocar no topo do mundo num dia e depois te jogar sobre uma pilha de merda no momento seguinte. Mas vamos encarar. Até já tocamos em festivais grandes, mas é realmente a primeira vez que tocaremos num palco de destaque, num horário legal. A impressão é que estamos estreando como uma banda grande, é engraçado.

Folha - Vocês chegaram a se incomodar por estarem participando de um festival totalmente pago por uma empresa [a Virgin"?
Mars -
Não exatamente, porque o que conta ali é que o dono da Virgin é um cara muito ligado em música. Com certeza nos incomodaria muito se eles só tivessem convidado artistas da Virgin, mas, apesar de ser o nosso selo, sei que não é o caso.

Folha - Quem vocês planejam ver no festival?
Mars -
Huum... agora você me pegou, não sei direito quem vai tocar. Mas, se pudesse escolher, ia querer ver o Daft Punk fazendo o show de seus disco novo [o Daft Punk não está entre as atrações do V2001".

Folha - O disco de vocês ["United"" saiu no ano passado. Por que você acha que só agora estão sendo "descobertos" pelos ingleses?
Mars -
Acho que saíram matérias legais em revistas descoladas. E os ingleses adoram tudo o que é novidade com esse perfil.

Folha - Vocês citam como influência coisas tão diferentes quanto AC/DC, Prince e Serge Gainsbourg. Em que estante você colocaria "United" numa loja de discos?
Mars -
Não tenho a menor idéia. Há um ditado em francês que diz que os fins justificam os meios. Gosto muito dele. Na minha cabeça não importa se misturamos AC/DC com música country ou Prince com Serge Gainsbourg. O que interessa é o que conseguimos no final de tudo isso. Gostamos do resultado e acho que é isso que conta.

Folha - Vocês estão gravando disco novo?
Mars -
Sim, num ritmo contagiantemente lento (risos).


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