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Para manos e playboys
Grupo Racionais MCs faz rara aparição fora da periferia, em show bancado pela Faap; os rappers mais famosos do país estão em estúdio, preparando seu primeiro DVD e as músicas do sétimo disco
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O principal destaque da festa
de rap e black music que ocorre
hoje à noite, um tributo ao rapper norte-americano Tupac
Shakur (1971-1996), é o show de
seu irmão Moprene Shakur
(Moprene quem?!?). Mas pode
crer que o motivo que provavelmente levará 3.000 pessoas à
quadra da escola de samba Tom
Maior é a apresentação do mais
importante grupo de rap do
Brasil, o Racionais MCs.
Essa é uma das raras aparições de Mano Brown com o Racionais fora da periferia neste
ano -recentemente, ele dividiu o palco com os sambistas
Lecy Brandão e Netinho de
Paula. O motivo do sumiço é a
concentração para a finalização
do primeiro DVD da banda, que
será lançado em setembro, e o
início da produção das letras e
bases de seu sétimo trabalho,
ainda sem data para sair.
"A gente tá louco para fazer o
novo disco", diz Ice Blue, 35,
que divide a função de MC com
Mano Brown e Edy Rock -KL
Jay cuida dos pick-ups. "Quando o Primo Preto [um dos organizadores] resolveu fazer o
show disse "se vocês não tocarem, não dá para fazer". Como
também ia ter a participação do
irmão do Tupac, resolvemos
aceitar", explica ele.
Atendendo ao convite do
parceiro Primo Preto, um dos
proprietários da produtora de
rap e black music Rap Soul
Funk -que comemora dez
anos na ocasião-, os Racionais
dão canja num evento que cobra entrada de até R$ 60, bancado, entre outros, pelos "playbas" da universidade Faap.
O fato de os manos se misturarem aos playboys na performance desta madrugada não é
novidade para eles. Seu potente
discurso, direcionado às quebradas, conquistou a classe média em 1998 com o independente "Sobrevivendo no Inferno".
O disco vendeu um milhão de
cópias puxadas pela clássica
"Diário de um Detento", música que descreve o dia-a-dia de
um preso do extinto Carandiru.
Este e outros hits dos Racionais estarão no repertório desta noite, que, segundo Ice Blue,
terá também músicas novas,
não registradas em seus CDs.
Entre elas, "Sou Função", parceria de Mano Brown e Dexter
(ex-509E), e "Só o Pó", de Edy
Rock com o grupo SNJ.
Quem está louco para ouvir
rimas novas, terá de esperar.
"Fazer música não é como fazer
pão", compara Blue. "Principalmente para o Brown, que
gosta muito de escrever".
Documentário
Mas, se tudo correr bem, em
um mês os fãs terão um DVD
"com conteúdo que as pessoas
não esperam", adianta Ice Blue.
Entre os extras, o MC diz que
há um documentário dirigido
por Mano Brown que trata da
cultura black paulistana.
Além dos trabalhos próprios,
Ice Blue fala empolgado de suas
novas apostas no hip hop, Rosana Bronx e O Time, que estréiam pela Cosa Nostra, com
produção dos Racionais.
Ice Blue vê com otimismo o
movimento no Brasil, apesar
do "preconceito" da mídia. "As
grandes rádios ainda não tocam
nem a MTV tem um programa
para o rap nacional. Quando teve, foi a uma hora da manhã."
Sobre as polêmicas no
"mainstream", como os ataques feitos por rappers ao documentário "Falcão", do carioca MV Bill, Ice Blue contemporiza: "Ninguém no movimento
pode falar nada contra um cara
com o MV Bill, que teve coragem de fazer isso. Pela atitude,
ele já merece o meu respeito."
FESTA DA RAP SOUL FUNK
Quando: hoje, às 22h
Onde: Tom Maior (r. Eugênio de Medeiros, 263, Pinheiros)
Quanto: R$ 30 (estudantes), R$ 40
(antecipado) e R$ 60. P/ estudantes, à
venda somente no Rose Bom Bom (r.
Luis Murat, 370, Pinheiros)
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