Criados por Alejandro Jodorowsky e Moebius nos anos 80, metabarões ganham segundo dos cinco volumes

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Como é formado o maior assassino de aluguel do universo? Não de uma hora para a outra, mas por meio de uma macabra "tradição" passada de pai para filho. A história do anti-herói Metabarão, criado pelo roteirista chileno Alejandro Jodorowsky e pelo ilustrador francês Moebius, nos anos 80, é retratada na série "A Casta dos Metabarões", cujo segundo volume, lançado agora no Brasil, explora o passado repleto de tragédias dos antepassados do atual Metabarão (espécie de título dado aos assassinos criados neste clã).
Além de quadrinista, o criador, Jodorowsky, é poeta, tarólogo, dramaturgo e cineasta -foi homenageado no Festival de Cannes de 2006 com a exibição de seus filmes "O Topo" e "A Montanha Sagrada".
"Incal" foi publicada na França dos anos 80 e apresentou um universo ao mesmo tempo tecnológico e místico. Foi um dos grandes momentos dos quadrinhos de ficção científica da época e rendeu séries "derivadas". "A Casta dos Metabarões", que conta com ilustrações do argentino Juan Gimenez, foi lançada originalmente na França nos anos 90, dividida em oito livros -cada qual focando a trajetória de um dos antepassados do atual Metabarão.
No Brasil, a série está sendo publicada em cinco livros, e o primeiro mostrou o casal Othon Von Salza e Honorata, que deram origem à linhagem. Esse novo volume dá continuidade: apresenta Aghnar, filho de ambos e, por isso, fadado a carregar a maldição de ser um assassino frio e impiedoso.
O maior problema da família é, em princípio, conseguir a liberdade das poderosas sacerdotisas-meretrizes, entidades que, como quase todas as do universo de Incal e Metabarões, mistura conceitos de religião, tecnologia e militarismo.
Também é apresentada uma nova personagem: Oda, que será o grande amor de Aghnar. Ela é uma princesa de um planeta distante que, tal qual um personagem dos conto de fadas para crianças, é a mais linda criatura viva e só entregará seu amor ao pretendente que lhe satisfizer um estranho capricho: presenteá-la com uma rosa azul, flor extinta havia 30 mil anos.
Entretanto, a semelhança com os contos de fada termina aí. A saga dos "Metabarões" é uma mistura de épico com ficção científica para adultos, carregada na aventura e na tragédia. Finais felizes não combinam com uma dinastia destinada a gerar assassinos em massa.