São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998 |
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LÚCIO RIBEIRO Editor-adjunto da Ilustrada Não tem para onde correr. 1998 já está conhecido como o ano da revanche do metal. Bater cabeça virou "cool" novamente. Tampe os ouvidos e leia. Uma nova geração de bandas de rock pesado está abrindo caminho à força entre a hegemonia da música eletrônica e do pop. Nomes como Deftones, Soulfly, Sepultura, Coal Chamber, Limp Bizkit, Korn, Orgy, Sevendust, Machine Head, Animal e mais outra penca dessas têm devolvido dignidade ao heavy metal e garantido uma sobrevida ao gênero, que andava moribundo desde que teve sua morte cerebral decretada, quando os membros do Metallica cortaram o cabelo e viraram pop. A nova onda do rock pesado vem em forma de um ser híbrido, derivado do pós-grunge, do hardcore industrial americano (que liga elementos da eletrônica ao metal soturno), da cultura skatista e, mais que tudo, da fusão rap-metal. Bote Nirvana, Nine Inch Nails, Tool, Rage against the Machine, Helmet, thrash metal, tudo no liquidificador. Adicione caos urbano e em alguns casos um DJ de rap com um pé na techno music. Bata bem e, depois que a espuma baixar, você vê uma banda como a americana Limp Bizkit, festejada como uma das principais do ressurgimento do rock pesado. O alarde dessa nova geração do metal já chegou às páginas das publicações musicais. A revista cult americana "Alternative Press" estampou o movimento em dez páginas de sua edição de julho e o chamou de "the new aggro-rock generation".E a mainstream "Spin" anuncia em seu número de agosto o "the nü (new) metal boom" com matérias sobre Deftones, Limp Bizkit e Korn sob o título "O Renascimento do Barulho". O meio musical está de ouvidos abertos ao novo metal. O veterano ídolo punk Jello Biafra participou de uma jam session com o Soulfly, durante um show da banda de Max Cavalera em San Francisco no mês passado. O mesmo Soufly foi considerado o melhor show da turnê Ozzyfest por Dave Ghrol, do Foo Fighters, em festival com atrações pesadas como Black Sabbath, Ozzy Osbourne, Pantera, Slayer. Já o rapper Ice Cube faz uma participação especial em uma faixa do esperado novo álbum do Korn, outro titã do novo metal. O CD "Follow the Leader", do Korn, será lançado na semana que vem nos EUA e na Inglaterra. Enquanto a Sony não solta o disco no Brasil, os roqueiros internautas daqui podem conferir o novo som do Korn pela net, em show online que o grupo fará na próxima sexta. Detalhes: www.korntv.com. Talvez o maior representante desse metal reciclado, os californianos do Deftones é exemplo de onde o gênero pode chegar. O segundo disco do grupo, "Around the Fur", atingiu o top 30 da parada da "Billboard", já ultrapassou o meio milhão de cópia vendido, o vídeo "Be Quiet and Drive (Far Away)" é um dos clipes mais pedidos na music television americana. Essa revanche do metal cheira a espírito teen. Em show do Deftones presenciado pela Folha em Paris, no final de junho, 12 mil meninos e meninas se acotovelaram para chegar perto do palco. Vestidos com camiseta do próprio Deftones, Sepultura ou Soulfly, a aparência dos teens cada vez mais atraídos pelo novo metal lembrava a de alunos recém-saídos de uma prova de matemática. Nada a ver com a velha imagem da calça jeans desbotada e casaco de couro, símbolos enterrados com o velho metal. Em imagens mostradas em um recente especial da MTV sobre a banda Soulfly, loirinhas californianas típicas de apresentações do Hanson faziam entusiasmadas declarações de amor ao barulho do grupo de Max Cavalera. No Brasil, a garotada cada vez mais fã dos programas do João Gordo na MTV já sente a chegada da nova fase do metal. A Warner acaba de lançar no país o segundo álbum do tão-falado Deftones (veja entrevista ao lado), dos argentinos do Animal e dos suecos do Clawfinger. Mostras do novo CD do Sepultura, "Against", podem ser conferidas em show da banda sábado que vem no Anhembi, ao mesmo tempo o Soufly acerta vinda para o Monsters of Rock, em setembro. Tímpanos de molho, rapaziada. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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