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CONTOS MÍNIMOS
A solidão
no mar
HELOISA SEIXAS
Quieto, o menino espiava
o pescador acocorado sobre a pedra, as mãos calosas
mexendo em linhas e
chumbadas. Era um velho,
com muita prática de pescaria, e o menino admirava
sua destreza, encantado.
Mas, de repente, num gesto
de impaciência, o velho
pescador atirou à água um
pedaço de fio de náilon que
o atrapalhava, enrolado a
um dos anzóis. E o menino
ficou olhando aquele fio
suspenso na água, pequena
enguia solitária. Sentiu pena. Tinha lido no jornal que
um fio de náilon leva 600
mil anos para se dissolver
no mar. Era tempo demais.
Demasiada solidão.
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