São Paulo, segunda, 10 de agosto de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
A solidão no mar

HELOISA SEIXAS

Quieto, o menino espiava o pescador acocorado sobre a pedra, as mãos calosas mexendo em linhas e chumbadas. Era um velho, com muita prática de pescaria, e o menino admirava sua destreza, encantado. Mas, de repente, num gesto de impaciência, o velho pescador atirou à água um pedaço de fio de náilon que o atrapalhava, enrolado a um dos anzóis. E o menino ficou olhando aquele fio suspenso na água, pequena enguia solitária. Sentiu pena. Tinha lido no jornal que um fio de náilon leva 600 mil anos para se dissolver no mar. Era tempo demais. Demasiada solidão.



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