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Brasil estréia "perdido" no Midem
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
enviado especial a Miami
O Midem Latin America & Caribbean Music Market, primeira
edição da tradicional feira musical
francesa exclusivamente para o
mercado latino-americano, começou anteontem, em Miami, apartando discurso e realidade em relação à participação brasileira.
Embora a organização do evento
e conferencistas destaquem o Brasil como o mercado musical que
vive a maior expansão entre os países de língua portuguesa e espanhola -cresceu de US$ 300 milhões para US$ 1,2 bilhão entre 93 e
96-, sua participação efetiva no
Midem começou discreta.
Os únicos artistas participantes
-Fernanda Abreu e Paralamas do
Sucesso, que fariam shows ontem
dentro da "Noite Brasileira", e
Deborah Blando- ficaram perdidos numa enxurrada de participantes hispano-americanos.
Entre gravadoras, apenas uns
poucos selos pequenos -como
Cid, Movieplay, Spotlight e Paradoxx- armaram estandes na feira, muitos deles mais para comprar do que para vender.
"Estamos aqui mais interessados em adquirir licenciamentos
para lançar no Brasil material internacional de dance music do que
para vender nossos produtos.
Acho que vai ser difícil vender",
afirma o diretor de marketing da
Cid, Dany Zuckermann.
O selo colocou em seu mostruário CDs de Emílio Santiago, Quarteto em Cy, Bezerra da Silva, Moreira da Silva, Baden Powell e
Cláudia Telles, entre outros.
"Estamos aqui para vender artistas de apelo internacional, que
são os que trazem características
latinas, como Dominó e Lady Lu.
A América Latina vai ser o celeiro
do mundo", diz o gerente artístico
da Paradoxx, Santiago Malnati
-o Mister Sam.
Além de vender brasileiros "latinizados" no Midem, a Paradoxx
quer também importar artistas latinos. "Estamos atrás de grupos
de black music para licenciar para
o Brasil. O charme, que já é sucesso
no Rio de Janeiro, tende a explodir
no Brasil todo", diz Mister Sam.
Enquanto os selos nacionais tentam comprar produtos, executivos
de gravadoras manifestam entusiasmo pelo mercado brasileiro.
Citando em conferência Chico
Buarque, Roberto Carlos, Gilberto
Gil, Milton Nascimento, Caetano
Veloso e Tom Jobim como alguns
dos mais bem-sucedidos artistas
latino-americanos, o presidente
da PolyGram latino-americana
nos EUA, Manolo Díaz, propagandeou o Brasil.
"Boas notícias: de acordo com a
revista 'The Economist', 8 milhões
de pessoas foram retirados da pobreza no Brasil entre 93 e 95. É o
equivalente às populações da Irlanda e da Noruega juntas."
Pregando o ataque à pirataria e a
atenção à legislação e às novas tecnologias como requisitos fundamentais para o desenvolvimento
dos mercados latino-americanos,
ele louvou a MPB.
"A música brasileira é sofisticada, não se pode dizer que seja de
Terceiro Mundo. Artistas como Simone e Djavan, que não se podem
ser rotulados como músicos de
jazz, escalam as paradas de jazz do
mundo". Mas o artista convidado
para simbolizar o Midem latino-americano no jantar de abertura foi
o espanhol Julio Iglesias.
O jornalista Pedro Alexandre Sanches viajou a
convite do Midem.
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