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São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2003

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Roberto Carlos pede a presença de "Amor sem Limite" na trilha

DA REPORTAGEM LOCAL

"Vivo por ela/ Ninguém Duvida/ Porque ela é tudo/ Na minha vida." O refrão de "Amor sem Limite" não seria cantado e repetido numa cena de "O Caminho das Nuvens", se não fosse por um pedido feito pessoalmente pelo autor da canção, Roberto Carlos.
Mais do que pontuado do início ao fim pelas músicas de Roberto Carlos, o filme de Vicente Amorim é dedicado ao cantor e compositor. Roberto Carlos leu o roteiro antes de autorizar o uso de sua obra no filme.
Foi quando pediu a inclusão no filme de "Amor sem Limite" -música que compôs em homenagem à mulher, Maria Rita, que morreu em 1999, aos 38 anos, vítima de câncer- de uma forma que sua voz pudesse ser ouvida em dueto com o ator que a interpretasse na cena.
Em "O Caminho das Nuvens", é cantando músicas de Roberto em bares e paragens da estrada -e recebendo trocados do público conquistado à laço- que Rose (Cláudia Abreu) e o filho Rodney (Felipe Newton Silva Rodrigues) conseguem arrecadar dinheiro para alimentar a família de retirantes na viagem.
Para a cena em que interpretam "Amor sem Limite", Amorim optou por um momento íntimo da família, e não "profissional".
O cineasta considera Roberto Carlos "um paradigma da cultura pop brasileira", mas explica a dedicatória do filme ao músico como uma atitude de admirador confesso.


"Não vou tecer toda uma teoria sociológica para explicar a presença de Roberto Carlos no filme, antes de citar esse fato simples, prático e verdadeiro: sou um fã", afirma o cineasta.
Citado esse fato, Amorim explica que há uma coincidência entre "os temas do filme e aqueles que são mais caros ao Roberto: alegria, amor, fé e esperança".
O diretor diz que não teme parecer piegas ao dizer que "embora propositalmente não haja uma resposta redentora no final [filme], o que foi feito até em respeito aos personagens reais, não há um momento (ou talvez só um) em que eles perdem a esperança e a família não se desagrega por uma relação amorosa que os une".
Nas entrevistas que fez com a família real que inspirou a ficção, o diretor descobriu que "eles não cantavam músicas de Roberto Carlos para ganhar dinheiro, como fazem os personagens do filme, mas cantavam como a gente canta no carro ou no chuveiro".
Também chamou a atenção de Amorim, durante a pesquisa de locações, que "o interior do Brasil não ouve música americana; ouve axé, sertanejo, brega, mas principalmente Roberto Carlos".
A onipresença do líder da jovem guarda demonstra, segundo Amorim, a capacidade do músico de "tocar o intelectual dos Jardins e uma família de nordestinos, praticamente da mesma forma e pelos mesmos motivos".
Se no filme Rose é a que canta para si e para os outros, Romão (Wagner Moura), o marido, guarda a voz e as palavras, num gesto de sonhador contido.
Revelado em "Abril Despedaçado" (2001), de Walter Salles, e elogiado por seus desempenhos como o Taoca de "Deus É Brasileiro" (2003), de Cacá Diegues, e o Zico de "Carandiru" (2003), de Hector Babenco, Moura, 27, diz que Romão é o personagem que mais lhe exigiu até hoje.
São muitas as razões da dificuldade, segundo o ator: "É um personagem mais velho do que eu; é pai de cinco filhos, enquanto eu não tenho nenhuma relação com a paternidade; e, o mais difícil, é um personagem cuja curva dramática não é muito explícita, ele começa de um jeito e vai até o fim do filme mais ou menos do mesmo jeito, sem passar por uma grande transformação".
Que o jeito de Romão não pareça apenas antipático ao público é uma preocupação de Moura. "Espero que as pessoas percebam as nuanças, porque deu muito trabalho construí-las."
(SILVANA ARANTES)


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