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Roberto Carlos pede a presença
de "Amor sem Limite" na trilha
DA REPORTAGEM LOCAL
"Vivo por ela/ Ninguém Duvida/ Porque ela é tudo/ Na minha
vida." O refrão de "Amor sem Limite" não seria cantado e repetido
numa cena de "O Caminho das
Nuvens", se não fosse por um pedido feito pessoalmente pelo autor da canção, Roberto Carlos.
Mais do que pontuado do início
ao fim pelas músicas de Roberto
Carlos, o filme de Vicente Amorim é dedicado ao cantor e compositor. Roberto Carlos leu o roteiro antes de autorizar o uso de
sua obra no filme.
Foi quando pediu a inclusão no
filme de "Amor sem Limite"
-música que compôs em homenagem à mulher, Maria Rita, que
morreu em 1999, aos 38 anos, vítima de câncer- de uma forma
que sua voz pudesse ser ouvida
em dueto com o ator que a interpretasse na cena.
Em "O Caminho das Nuvens", é
cantando músicas de Roberto em
bares e paragens da estrada -e
recebendo trocados do público
conquistado à laço- que Rose
(Cláudia Abreu) e o filho Rodney
(Felipe Newton Silva Rodrigues)
conseguem arrecadar dinheiro
para alimentar a família de retirantes na viagem.
Para a cena em que interpretam
"Amor sem Limite", Amorim optou por um momento íntimo da
família, e não "profissional".
O cineasta considera Roberto
Carlos "um paradigma da cultura
pop brasileira", mas explica a dedicatória do filme ao músico como uma atitude de admirador
confesso.
Fã
"Não vou tecer toda uma teoria
sociológica para explicar a presença de Roberto Carlos no filme,
antes de citar esse fato simples,
prático e verdadeiro: sou um fã",
afirma o cineasta.
Citado esse fato, Amorim explica que há uma coincidência entre
"os temas do filme e aqueles que
são mais caros ao Roberto: alegria, amor, fé e esperança".
O diretor diz que não teme parecer piegas ao dizer que "embora
propositalmente não haja uma
resposta redentora no final [filme], o que foi feito até em respeito
aos personagens reais, não há um
momento (ou talvez só um) em
que eles perdem a esperança e a
família não se desagrega por uma
relação amorosa que os une".
Nas entrevistas que fez com a família real que inspirou a ficção, o
diretor descobriu que "eles não
cantavam músicas de Roberto
Carlos para ganhar dinheiro, como fazem os personagens do filme, mas cantavam como a gente
canta no carro ou no chuveiro".
Também chamou a atenção de
Amorim, durante a pesquisa de
locações, que "o interior do Brasil
não ouve música americana; ouve
axé, sertanejo, brega, mas principalmente Roberto Carlos".
A onipresença do líder da jovem
guarda demonstra, segundo
Amorim, a capacidade do músico
de "tocar o intelectual dos Jardins
e uma família de nordestinos,
praticamente da mesma forma e
pelos mesmos motivos".
Se no filme Rose é a que canta
para si e para os outros, Romão
(Wagner Moura), o marido, guarda a voz e as palavras, num gesto
de sonhador contido.
Revelado em "Abril Despedaçado" (2001), de Walter Salles, e elogiado por seus desempenhos como o Taoca de "Deus É Brasileiro" (2003), de Cacá Diegues, e o
Zico de "Carandiru" (2003), de
Hector Babenco, Moura, 27, diz
que Romão é o personagem que
mais lhe exigiu até hoje.
São muitas as razões da dificuldade, segundo o ator: "É um personagem mais velho do que eu; é
pai de cinco filhos, enquanto eu
não tenho nenhuma relação com
a paternidade; e, o mais difícil, é
um personagem cuja curva dramática não é muito explícita, ele
começa de um jeito e vai até o fim
do filme mais ou menos do mesmo jeito, sem passar por uma
grande transformação".
Que o jeito de Romão não pareça apenas antipático ao público é
uma preocupação de Moura. "Espero que as pessoas percebam as
nuanças, porque deu muito trabalho construí-las."
(SILVANA ARANTES)
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