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CINEMA
Alemã tinha 101 anos e foi responsável por filmes oficiais do regime, em que introduziu diversas técnicas de filmagem
Morre Riefenstahl, cineasta do nazismo
DA REDAÇÃO
A alemã Leni Riefenstahl, que
foi a cineasta oficial do nazismo,
morreu anteontem, aos 101 anos,
em sua casa, em Poecking (sul de
Munique, Alemanha).
Segundo declaração de seu amigo Horst Kettner, a cineasta
-que tinha câncer e estava debilitada nos últimos meses- morreu enquanto dormia.
Riefenstahl negou até o fim da
vida que tivesse convicções políticas ao trabalhar para Adolf Hitler
(1899-1945), e enfrentou o ostracismo na Alemanha durante anos
após o fim da Segunda Guerra
(1939-1945). Sua obra começou a
ser revista quando cineastas como Luis Buñuel (1900-1983) reconheceram seu valor, e mostras retrospectivas começaram a surgir.
A relação com o nazismo começou em 1934, quando a cineasta
dirigiu "O Triunfo da Vontade",
documentário que registra um
congresso nazista em Nuremberg. O resultado impressionou
tanto Hitler e o chefe de propaganda, Josef Goebbels, que ela ganhou outra encomenda: realizar o
filme oficial das Olimpíadas de
Berlim, em 1936, "Olimpia".
Nesses filmes, Riefenstahl foi a
pioneira em diversas técnicas, como colocar câmeras em carros
elétricos em trilhos para filmar
corridas, uso de gruas, slow motion e variações de perspectivas.
Diversas vezes na vida a cineasta
tentou explicar sua participação
no nazismo. "Estava interessada
apenas em fazer um filme que não
fosse estúpido como um simples
informativo de propaganda, mas
sim mais inteligente", disse em
uma entrevista à BBC, sobre
"Triunfo". "Ele reflete a verdade
como era em 1934; é um documentário, não uma propaganda."
No fim da guerra, ela foi inocentada duas vezes por cortes
aliadas e começou a trabalhar como fotógrafa. Apenas em 2002
Riefenstahl foi alvo de nova investigação. Uma organização alemã acusou a cineasta de ter usado
120 ciganos vindos de campos de
concentração como extras no seu
filme "Tiefland" (1954). A organização diz que ela teria enviado-os
novamente aos campos, condenando-os à morte, após a conclusão das filmagens. Novamente,
nada foi provado, e a atriz emitiu
uma declaração em que afirmava
não ter conhecimento do fato.
Nos anos 60, mudou-se para a
África e tentou construir sua carreira fazendo fotos da tribo nuba,
no Sudão. O resultado saiu no livro "Die Nuba". Na época, enfrentou críticas que a acusavam
de promover o mesmo trabalho
de glorificação do corpo humano.
"Sempre olho mais para o bom e
o belo do que para o feio e doente", disse na ocasião.
Aos 72, começou a praticar
mergulho e tirar fotos aquáticas.
O resultado é o filme "Impressões
Debaixo d'Água" (2001), em que
registra a vida submarina.
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