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Veneza vê o 11 de Setembro pela ótica da paranóia com filme de Wenders
DA REPORTAGEM LOCAL
A 61ª Mostra de Veneza termina amanhã, no terceiro aniversário do 11 de Setembro. O cineasta
alemão radicado nos Estados
Unidos Wim Wenders antecipou
a memória dos atentados terroristas a Nova York e Washington,
com a exibição, ontem, de "Land
of Plenty" (Terra da Fartura).
O filme é um dos 21 competidores pelo Leão de Ouro, prêmio
máximo do festival, que Wenders
conquistou em 1982 com "O Estado das Coisas", uma reflexão sobre o próprio cinema.
Desta vez, o cineasta retorna a
Veneza com um filme em torno
da paranóia associada aos ataques
aos Estados Unidos, ou, em suas
palavras, "um filme que tenta lidar com a enorme confusão entre
medo e paranóia". O protagonista
é um ex-combatente do Vietnã
(Paul, interpretado por John
Diehl) que, num delírio de desconfiança sobre a possibilidade de
novos atentados, passa a investigar por conta própria todos os
árabes que considera suspeitos.
O contraponto ao paranóico é
encarnado pela personagem de
sua sobrinha Lana (Michelle Williams), que retorna ao país, depois de viver na Europa e na África, a fim de reencontrar valores da
democracia americana, como liberdade e tolerância com o estrangeiro.
Wenders disse que, inicialmente, pensou em realizar um documentário sobre o tema. Ele diz
achar que "a pobreza, a paranóia e
o patriotismo" substituíram os temas próprios da terra de oportunidades que os Estados Unidos já
representaram.
Homenagem
Hoje, a Mostra de Veneza homenageia o cineasta português
Manoel de Oliveira, 95, com a entrega do Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra.
"Estou metade triste, metade
alegre [com o prêmio]", disse Oliveira, que se encontra desde quarta em Veneza, onde apresenta seu
mais recente filme, "O Quinto Império", sobre o sebastianismo.
O misto de alegria e tristeza é assim explicado pelo mais idoso cineasta em atividade: "De saúde
estou bem, mas me sinto mal por
me faltar tempo para ler tantas
coisas [que gostaria]".
Com agências internacionais
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