São Paulo, quinta, 10 de setembro de 1998

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MÚSICA
Cantor e compositor alagoano lança com temporada no Palace a partir de hoje o disco "Bicho Solto - O XIII"
Djavan ainda quer causar estranhamento

Dado Junqueira/Folha Imagem
O músico Djavan, que lança no Palace o disco "Bicho Solto - O XIII"


PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

A busca do cantor e compositor alagoano Djavan aos 50, ao lançar seu 13º álbum, "Bicho Solto - O XIII", é, segundo ele mesmo, ainda conseguir causar estranhamento.
"Se você estranhar meu disco, vou estar satisfeito. Não quero ficar sorrindo da mesma piada. É um disco fresco, vivo, obedece a essa minha busca", afirma.
Ele explica as estratégias usadas para correr atrás do estranhamento após 22 anos de carreira discográfica: "Uso loops, programações eletrônicas pela primeira vez em minha carreira. É um disco contemporâneo. "Malásia' (o CD anterior, de 96) tinha uma cara mais acústica, um acento mais jazzístico. Este é explosivo para a dança".
Na mesma linha vai a parceria com o rapper Gabriel o Pensador -que Djavan chama de "Biel"-, na faixa "A Carta".
"Ele mandou o texto para o rap, eu fiz a parte cantada depois. Me deliciei fazendo isso."
Fazendo rap, comenta afirmação de Carlinhos Brown, de que brasileiros não deviam fazer rap. "Brown fala tanta coisa. Eu não acho isso, ele já fez rap em sua música, de outro modo. Brasileiro ou não brasileiro faz o que quer. Está provado que há um espaço enorme no mundo."
Além de Gabriel, Dominguinhos aparece também como parceiro, em "Retrato da Vida" -parcerias são relativamente incomuns no histórico de Djavan. "Parcerias acontecem ocasionalmente, porque costumo fazer letra e música. A vida de todo mundo é muito cheia, e para mim não dá para fazer por fax, telefone."
Mas Djavan não lamenta a falta de disponibilidade para o encontro de autores. "A tendência é natural, para mim está ótimo assim."
Na contramão do estranhamento, Djavan admite que se renovar torna-se tarefa mais complicada com o correr dos anos.
"É óbvio que um início de carreira tem impetuosidade maior. Quando você já fez mais coisas, sua avaliação é maior. É difícil, sim. Você se agulha, se policia para não se repetir. Mas, para mim, lidar com isso é uma brincadeira, um lazer, um prazer. Nunca vou parar de compor."
Falando em repetição, Djavan nega que esteja em negociação com a MTV para um "Acústico", como a imprensa carioca divulgou. "Não há negociação nenhuma. Eu quero, sim, fazer um disco ao vivo, mas não um acústico. Meu novo show -que estréia hoje em São Paulo- não é acústico."
Outro plano: "Quero também fazer um de intérprete, que até hoje não consegui fazer. Queria cantar músicas de artistas talentosos que estão menos na mídia, como Luiz Melodia, Beto Guedes, Itamar Assumpção, Lô Borges".
Enquanto esses esperam, Djavan cita mais uma vez Caetano Veloso, na letra de "Eu Te Devoro" ("Noutro plano/ te devoraria tal Caetano/ à Leonardo DiCaprio"). "Ele é íntegro, não pára de me elogiar, é merecedor de carinho", justifica.
²
Show: Bicho Solto - O XIII Artista: Djavan Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 011/531-4900)
Quando: de hoje ao dia 20; quintas, às 21h30, sextas e sábados, às 22h, e domingos, às 20h Quanto: de R$ 25 a R$ 60


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