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ARTES PLÁSTICAS
Emanoel Araújo recusa-se a participar de concepção de projeto do programa Monumenta na Bahia
Cultura afro vira museu em Salvador
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A restauração da segunda parte
do bairro do Pelourinho, em Salvador, convênio firmado em junho passado entre o governo do
Estado da Bahia e o programa
Monumenta, ligado ao Ministério
da Cultura, fará surgir o primeiro
museu de âmbito federal dedicado à cultura afro-brasileira.
Dois edifícios, a antiga sede do
Tesouro do Estado da Bahia e um
anexo da Igreja da Ajuda, ambos
construções em estilo eclético do
início do século 20, no Pelourinho, irão sediar o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira,
previsto para ser inaugurado no
final de 2003. A área total do museu será de 5.000 m2.
"Realizamos um intenso processo de negociação institucional,
já que ele irá congregar várias entidades baianas", diz Pedro Taddei, coordenador nacional do
programa Monumenta.
Entre as instituições que irão
participar do projeto estão a Fundação Pierre Verger, a Fundação
Cultural Palmares e o Centro de
Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia. "Estimulamos a organização de uma
entidade, a Sociedade dos Amigos
da Cultura Afro-Brasileira, para
congregar as várias entidades ligadas à questão afro. Estamos
acertando agora a criação do acervo do museu, mas já está garantido que parte dele virá da Universidade da Bahia", afirma Taddei.
No último domingo, Taddei e o
ministro da Cultura, Francisco
Weffort, reuniram-se com o curador Emanoel Araújo, a fim de
convencê-lo participar da concepção. "Eu não posso, tenho um
compromisso com o Museu do
Imaginário do Povo Brasileiro.
Como a Universidade da Bahia
está envolvida no novo projeto,
ninguém melhor que eles para
realizar essa tarefa", disse Araújo.
Segundo Taddei, "buscamos
convencer Emanoel a participar
já que foi ele quem escolheu os
edifícios para o museu e por seu
conhecimento na questão". Araújo irá contribuir apenas na realização de um seminário internacional, no próximo mês, que irá
discutir os rumos da instituição.
"Há muitas entidades internacionais com experiência, como a
Fundação Cartier, de Paris. Todas
elas podem contribuir", diz Araújo. O novo museu, que para sua
implementação terá um aporte de
cerca de R$ 4 milhões, apresentará não só um panorama da produção do passado, mas também
obras contemporâneas.
"Queremos usar o espaço como
um centro de referência entre os
vários espaços que tratam da cultura afro no país, desde Pelotas
(RS), que foi um grande centro de
escravos no Sul, até São Luiz do
Maranhão", afirma Taddei.
O Monumenta tem apoio da
Unesco, que "financia cerca de
50% das obras", segundo Taddei,
enquanto o Instituto Moreira Salles patrocina o registro fotográfico da documentação do projeto, a
cargo de Cristiano Mascaro.
Com a criação do museu, Salvador ganha, em 2003, dois novos
espaços. O outro é a filial do Museu Rodin, de Paris, programado
para meados do próximo ano,
que irá expor 65 obras do escultor
francês, além de obras contemporâneas.
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