São Paulo, quinta-feira, 10 de outubro de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Emanoel Araújo recusa-se a participar de concepção de projeto do programa Monumenta na Bahia

Cultura afro vira museu em Salvador

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A restauração da segunda parte do bairro do Pelourinho, em Salvador, convênio firmado em junho passado entre o governo do Estado da Bahia e o programa Monumenta, ligado ao Ministério da Cultura, fará surgir o primeiro museu de âmbito federal dedicado à cultura afro-brasileira.
Dois edifícios, a antiga sede do Tesouro do Estado da Bahia e um anexo da Igreja da Ajuda, ambos construções em estilo eclético do início do século 20, no Pelourinho, irão sediar o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, previsto para ser inaugurado no final de 2003. A área total do museu será de 5.000 m2.
"Realizamos um intenso processo de negociação institucional, já que ele irá congregar várias entidades baianas", diz Pedro Taddei, coordenador nacional do programa Monumenta.
Entre as instituições que irão participar do projeto estão a Fundação Pierre Verger, a Fundação Cultural Palmares e o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia. "Estimulamos a organização de uma entidade, a Sociedade dos Amigos da Cultura Afro-Brasileira, para congregar as várias entidades ligadas à questão afro. Estamos acertando agora a criação do acervo do museu, mas já está garantido que parte dele virá da Universidade da Bahia", afirma Taddei.
No último domingo, Taddei e o ministro da Cultura, Francisco Weffort, reuniram-se com o curador Emanoel Araújo, a fim de convencê-lo participar da concepção. "Eu não posso, tenho um compromisso com o Museu do Imaginário do Povo Brasileiro. Como a Universidade da Bahia está envolvida no novo projeto, ninguém melhor que eles para realizar essa tarefa", disse Araújo.
Segundo Taddei, "buscamos convencer Emanoel a participar já que foi ele quem escolheu os edifícios para o museu e por seu conhecimento na questão". Araújo irá contribuir apenas na realização de um seminário internacional, no próximo mês, que irá discutir os rumos da instituição.
"Há muitas entidades internacionais com experiência, como a Fundação Cartier, de Paris. Todas elas podem contribuir", diz Araújo. O novo museu, que para sua implementação terá um aporte de cerca de R$ 4 milhões, apresentará não só um panorama da produção do passado, mas também obras contemporâneas.
"Queremos usar o espaço como um centro de referência entre os vários espaços que tratam da cultura afro no país, desde Pelotas (RS), que foi um grande centro de escravos no Sul, até São Luiz do Maranhão", afirma Taddei.
O Monumenta tem apoio da Unesco, que "financia cerca de 50% das obras", segundo Taddei, enquanto o Instituto Moreira Salles patrocina o registro fotográfico da documentação do projeto, a cargo de Cristiano Mascaro.
Com a criação do museu, Salvador ganha, em 2003, dois novos espaços. O outro é a filial do Museu Rodin, de Paris, programado para meados do próximo ano, que irá expor 65 obras do escultor francês, além de obras contemporâneas.


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