São Paulo, sexta-feira, 10 de novembro de 2000
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Música via Internet
AUTOLOAD, KATIA B E VULGUE TOSTOI ESTRÉIAM COM AJUDA DA REDE
PEDRO ALEXANDRE SANCHES DA REPORTAGEM LOCAL Começa a se ampliar no Brasil a sinergia entre a Internet e o mercado fonográfico -bem, pelo menos o independente. Nas próximas semanas, chegam às lojas os primeiros discos de duas novas gravadoras, Net Records e Estilingue, que se ancoram na Internet como mola propulsora para a constituição de gravadoras nos moldes (quase) tradicionais. O Estilingue já existe desde julho como site (www.estilingue.com.br). Nesse período, tem exercido principalmente a função de se tornar um armazém de novas bandas e artistas, já contabilizando em sua seção "Arsenal" um reservatório de músicas de cerca de 650 bandas, todas disponíveis para download. Duas dessas bandas, Raskafari e Mada Foca, e uma artista solo, Cidália Castro, foram selecionadas para gravar pelo selo Estilingue CDs que, segundo seu diretor, o paraense Denis Paes Barreto, 37, já estão chegando às lojas. A Net Records, por sua vez, segue caminho mais ou menos inverso. É co-dirigida pelo gaúcho Leonardo Bourbon, 28, que foi um dos investidores do projeto de "A Vida É Doce" (99), com o qual Lobão reconquistou, via bancas de jornal, o posto que o mercado fonográfico vinha lhe negando. A gravadora estréia com o lançamento, também em bancas de jornal, de "Estamos Adorando Tokio", do grupo Karnak. Ao mesmo tempo, lança os estreantes Vulgue Tostoi e Katia B (do Rio) e Autoload (de São Paulo). Além da venda tradicional, todos os títulos estarão à venda no site www.netrecords.com.br (ainda em construção), que pretende centralizar as atividades do selo. Com sede localizada no Rio de Janeiro e investimento inicial de R$ 500 mil, a Net Records é fruto indireto do entusiasmo que a venda de mais de 40 mil exemplares do indie "A Vida É Doce", de Lobão, causou no investidor Leonardo Bourbon e no produtor musical Jongui, 29. "Como investimento, o disco do Lobão já se pagou, e temos ainda estoque a custo zero. Foi um aprendizado, vimos que a Internet estava ajudando muito na difusão, no marketing, na execução do disco", avalia Bourbon. "A idéia é ser um modelo aberto de gravadora, em que músicos e selos independente nos procurem para trabalharmos em conjunto, seja lançando produtos já prontos ou bancando sua produção", afirma. Diretor artístico do selo com Plínio Gomes, Jongui descreve a filosofia da Net Records: "Não é postura nossa intervir no trabalho do artista, fabricar repertório ou torná-lo mais comercial. A filosofia é investir em trabalhos de qualidade, sem restringir a música eletrônica ou outro gênero de nosso próprio gosto". Segundo Bourbon, o dito portal se prestará a comercializar seus produtos, mas, também, a se tornar ferramenta central de difusão e marketing -concursos de MP3 incentivarão a interação entre o consumidor do site e bandas ainda sem posto no mercado. Essa também é uma das atividades principais do Estilingue, localizado em São Paulo e montado com investimento até agora de R$ 1 milhão, que, no entanto, evita o modelo corrente. Diz o diretor Denis Paes Barreto: "O mercado já está saturado de MP3, não usamos também porque achamos que é um modelo que não oferece segurança e favorece a pirataria". Desenvolvem então, em parceria com a Microsoft, o DRM (em português, Gerenciamento Digital de Direitos), que permite a reprodução da música em cada computador, mas não sua gravação -o download só pode ser feito mediante licença e pagamento. "Procuramos um modelo alternativo de negócios, que oferecesse espaço para artistas com problemas em serem aceitos pela indústria. Daí nosso slogan, de "site lança-talentos da Internet'", diz. O Estilingue capta gravações quaisquer de artistas novatos (sem qualquer filtro) e os coloca para audição gratuita na rede. Uma medição de audiência de cada música ajuda a orientar a indicação de quais daqueles artistas teriam potencial para lançamento no formato tradicional. Texto Anterior: Célulóide secreto Próximo Texto: Os lançamentos Índice |
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