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Crítica
"Cassino" impõe um 007 sem elegância
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Em algum momento da história, havia cinéfilos incapazes
de se conformar com o fato de
Sean Connery não ser mais James Bond. Como se não houvesse verdadeiro 007, ou, pior,
como se toda a verdade do personagem viesse de Connery.
Eram outros tempos, tanto
que seu sucessor desde os anos
70, Roger Moore, só deixou o
papel carregado, após 15 anos
de honestos serviços. Desde então, cada 007 parece ter os dias
contados. Na medida em que se
torna mais difícil introduzir
novidades verdadeiras na série,
até mesmo um "novo Bond" se
torna apelo publicitário a ser
explorado.
"Cassino Royale" (Telecine
Premium, 22h) lança Daniel
Craig como novo Bond. Existem alguns inconvenientes, ou
pelo menos um estranhamento
forte, já que esta deveria ser a
aventura inaugural da série. Na
primeira seqüência do filme,
007 ainda não é 007. Ou seja,
James Bond é elevado a 007
depois de uns 30 filmes.
Isto se supera, no entanto.
"Cassino..." procura impor talvez o mais físico de todos os
Bond. Ele corre desesperadamente, ao longo de quase todo
o filme. Não possui a elegância
de Connery, nem mesmo a de
Moore. Ao contrário de outros
agentes, não paira sobre os
acontecimentos, embora seja
forçado a se mostrar tão inteligente quanto eles. Talvez tanto
barulho em torno do novo 007
leve o espectador a esquecer
momentaneamente a "Bond
girl" deste filme, Eva Green.
Bem, depois de vê-la, lembrará.
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