São Paulo, quarta-feira, 10 de novembro de 2010

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CRÍTICA PRÊMIO PORTUGAL TELECOM

Jô Soares domina a cena em evento literário

Apresentador global faz anúncio lacônico de vencedores, destila ironia e "perguntas inteligentes" em entrevistas

ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO

Quem compareceu à Casa Fasano para a entrega do Prêmio Portugal Telecom de Literatura, na noite da última segunda-feira, teve a impressão de estar presenciando uma versão morna e chapa branca da atração televisiva comandada por Jô Soares.
A cerimônia, a exemplo do Jabuti (principal prêmio de literatura do Brasil), coroou o compositor Chico Buarque, agraciado com R$ 100 mil pelo livro "Leite Derramado" (Companhia das Letras).
O protagonista, no entanto, foi Jô Soares, contratado para ciceronear a premiação. Ao lado de sua banda, o apresentador repetiu a fórmula consagrada na TV: três blocos de entrevistas entremeados por standards do jazz. Só não destratou o copeiro, porque não havia copeiro.

IRONIA
No primeiro bloco, Jô Soares se encarregou de entrevistar Zeinal Bava, presidente da empresa que batiza o prêmio. Foi irônico: "Vou fazer uma pergunta inteligente, que escreveram para mim: qual é a estratégia da Portugal Telecom em Portugal e internacional?" Logo depois, completou: "A pergunta é boa, porque me pagaram para fazê-la."
No segundo bloco, o apresentador se recolheu, para que o público assistisse a trecho de "José e Pilar", filme de Miguel Gonçalves Mendes sobre José Saramago e a mulher, Pilar del Río, em cartaz em São Paulo.
O Nobel português, morto em junho passado, aos 87 anos, foi o homenageado da noite. Em seguida Jô Soares chamou ao palco a viúva Pilar del Río e Nelida Piñon, amiga de Saramago, para entrevistas.
O mestre de cerimônias enfatizou que o que adorava em Saramago, "a quem tive o privilégio de entrevistar", era seu lado ranzinza.
Às 22h30, sem qualquer pompa ou circunstância, Jô Soares anunciou os três vencedores da noite. O terceiro lugar ficou com o poeta Armando Freitas Filho, autor de "Lar," (editora Companhia das Letras), premiado com R$ 15 mil.
O segundo ficou com Rodrigo Lacerda, que angariou R$ 35 mil pelo romance "Outra Vida" (Alfaguara).
Em primeiro, Chico Buarque, que, como prêmio -ou punição- sentou-se ao lado do apresentador, para ouvir, dele, a seguinte pergunta: "Será que o Fluminense [time do compositor e escritor] leva o Campeonato Brasileiro este ano?"
A Portugal Telecom não divulgou qual foi o prêmio dado a Jô Soares por apresentar a cerimônia.


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