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CRÍTICA PRÊMIO PORTUGAL TELECOM
Jô Soares domina a cena em evento literário
Apresentador global faz anúncio lacônico de vencedores, destila ironia e "perguntas inteligentes" em entrevistas
ROBERTO KAZ
DE SÃO PAULO
Quem compareceu à Casa
Fasano para a entrega do
Prêmio Portugal Telecom de
Literatura, na noite da última
segunda-feira, teve a impressão de estar presenciando
uma versão morna e chapa
branca da atração televisiva
comandada por Jô Soares.
A cerimônia, a exemplo do
Jabuti (principal prêmio de literatura do Brasil), coroou o
compositor Chico Buarque,
agraciado com R$ 100 mil pelo livro "Leite Derramado"
(Companhia das Letras).
O protagonista, no entanto, foi Jô Soares, contratado
para ciceronear a premiação.
Ao lado de sua banda, o apresentador repetiu a fórmula
consagrada na TV: três blocos de entrevistas entremeados por standards do jazz. Só
não destratou o copeiro, porque não havia copeiro.
IRONIA
No primeiro bloco, Jô Soares se encarregou de entrevistar Zeinal Bava, presidente da empresa que batiza o
prêmio. Foi irônico: "Vou fazer uma pergunta inteligente, que escreveram para
mim: qual é a estratégia da
Portugal Telecom em Portugal e internacional?" Logo
depois, completou: "A pergunta é boa, porque me pagaram para fazê-la."
No segundo bloco, o apresentador se recolheu, para
que o público assistisse a trecho de "José e Pilar", filme de
Miguel Gonçalves Mendes
sobre José Saramago e a mulher, Pilar del Río, em cartaz
em São Paulo.
O Nobel português, morto
em junho passado, aos 87
anos, foi o homenageado da
noite. Em seguida Jô Soares
chamou ao palco a viúva Pilar del Río e Nelida Piñon,
amiga de Saramago, para entrevistas.
O mestre de cerimônias
enfatizou que o que adorava
em Saramago, "a quem tive o
privilégio de entrevistar", era
seu lado ranzinza.
Às 22h30, sem qualquer
pompa ou circunstância, Jô
Soares anunciou os três vencedores da noite. O terceiro
lugar ficou com o poeta Armando Freitas Filho, autor
de "Lar," (editora Companhia das Letras), premiado
com R$ 15 mil.
O segundo ficou com Rodrigo Lacerda, que angariou
R$ 35 mil pelo romance "Outra Vida" (Alfaguara).
Em primeiro, Chico Buarque, que, como prêmio -ou
punição- sentou-se ao lado
do apresentador, para ouvir,
dele, a seguinte pergunta:
"Será que o Fluminense [time do compositor e escritor]
leva o Campeonato Brasileiro
este ano?"
A Portugal Telecom não
divulgou qual foi o prêmio
dado a Jô Soares por apresentar a cerimônia.
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