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FESTIVAL DE WORLD MUSIC
Brasil é todo
ouvidos para
o mundo
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
O Brasil é negrão. O Brasil é celta.
O Brasil é flamenco. O Brasil vai virar o mundo a partir de quinta,
quando subirão ao palco do Sesc
Vila Mariana as primeiras atrações
do Festival de Música Mundial,
sem dúvida alguma o mais consistente evento de world music que
este país já recebeu (veja ao lado a
programação do festival).
Logo no primeiro dia, duas grandes atrações: o iraniano radicado
nos EUA Jamshied Sharifi e o senegalês Baaba Maal.
Sharifi apresenta um show baseado no disco "A Prayer for the
Soul of Layla", que combina sonoridades árabes, percussão africana
e sintetizadores. Esses últimos, porém, nas mãos de Sharifi, tornam-se instrumentos acústicos, graças a
uma técnica desenvolvida pelo instrumentista, que controla os timbres do teclado por meio da respiração. É o que vai mostrar nos
shows e no workshop (leia abaixo).
Sozinho, Sharifi já seria um
show, mas ele vem bem acompanhado pelo marroquino Hassan
Hakmoun. É até estranho ver Hakmoun como acompanhante de alguém, já que se trata de uma estrela
de primeira grandeza nos EUA e
Europa. Hakmoun é um mestre de
"gnawa" (candomblé marroquino), rito místico-musical que recebe influências negras, árabes e berberes.
O senegalês Baaba Maal, um
emergente da música africana,
apresenta-se na mesma noite.
Maal tinha tudo para não ser músico, pois pertence a uma família de
"griots" (cantores-contadores de
história que propagam a tradição
de seus povos por meio de canções). Também não cantava em
"wolof" (língua dos "griots"), mas
em "fulani".
Vá pronto para dançar, pois seu
concerto deve ser um dos mais animados do evento. Além do ritmo
africano, Maal sofre influências caribenhas e não se abstém de sonoridades ocidentais. Não é difícil
sentir uma levada funk aqui e ali.
A atração do fim-de-semana é o
grupo siciliano Agricantus, cujo
destaque é a voz cristalina de Rosie
Wiederker e, como reza a tradição
da ilha italiana, as mais variadas
influências que recebeu, que vão
de cantos dos tuaregues do deserto
de Mali a ritmos contemporâneos,
como trance e ambient music.
No fim-de-semana seguinte, o
público terá oportunidade de conhecer um grupo escocês que prova que a música celta é muito mais
rica do que a que apresenta a sonolenta Enya.
Formado por Karen Matheson
(vocais), Donald Shaw (acordeão e
teclados) e Marc Duff (flauta doce,
percussão e sintetizadores), o grupo se apresenta em inglês e gaélico
(a língua celta).
Os outros destaques internacionais são o espanhol Gerardo Nuñez, um renovador do flamenco, e
o grupo Baka Beyond, que se apropria dos cantos dos pigmeus.
Outro fator importante para o
sucesso certeiro do evento é o preço dos ingressos: R$ 10 e R$ 5.
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