São Paulo, Sexta-feira, 10 de Dezembro de 1999


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MÚSICA REGIONAL
O instrumentista pernambucano se apresenta de hoje a 19 de dezembro no Brincante, em SP
Madureira dá voz ao sertão nordestino

SYLVIA COLOMBO
Editora-assistente da Ilustrada

Ele tem barba e cabelo fartos, é apaixonado por sua causa, profético e otimista em relação ao futuro da cultura brasileira e vaga pelo sertão nordestino, alimentando interesse por cada vila e aldeia.
Não, não se trata de um moderno Antonio Conselheiro (o líder messiânico que levantou Canudos). Seu nome é Antúlio Madureira, instrumentista e pesquisador do folclore brasileiro, e poderá ser visto a partir de hoje no teatro Brincante, em São Paulo.
Mas Madureira também não é apenas um homem. Com ele, entram em cena personagens tradicionais e arquetípicos do Nordeste. O instrumentista encarna o Mendigo Tocador de Berimbau, o Cego Violeiro e o Velho Manguzá. "Os personagens fazem parte do imaginário das aldeias e pequenas cidades do sertão. O Cego Violeiro, por exemplo, além de cantador, é um narrador de histórias e lendas, uma figura que aparece sempre nestes lugarejos, de uma forma ou de outra", disse à Folha.
Mas a parte cênica é apenas um trecho do show. Madureira mostrará o seu repertório, construído a partir do tratamento erudito de temas populares da região.
Em sua seleção estão ritmos como o maracatu e os caboclinhos, assim como peças eruditas adaptadas ("Trenzinho Caipira", de Villa-Lobos, e "Ária das Bachianas nº 5").
O músico cria instrumentos e toca até serrote, num quadro que já ficou famoso. Mas são os tradicionais que predominam: rabeca, gaita de caboclinhos e viola.
O CD "Mourama", o último gravado pelo músico, integra o repertório. A temática, como o nome sugere, é a influência árabe-ibérica na cultura nordestina. "Ainda é muito forte, nas danças e cavalhadas", diz.
Madureira atualmente pesquisa as diferentes matizes do frevo e dos caboclinhos. "A música do sertão nordestino é muito variada. Em Pernambuco, por exemplo, não há só baião e forró. Há muita variedade. A recuperação disso, assim como a conscientização de que é importante preservar essas sonoridades, é um trabalho para gerações", diz.
Um exemplo desse trabalho de pesquisa é a música "Dança dos Tropeiros", recém-gravada, que tomou inspiração na música típica dos índios tapuias de Ceará-Mirim (RN). "Misturei com som dos caboclinhos, e o resultado é uma homenagem à história local", completa.


Show: Teatro Instrumental Com: Antúlio Madureira Onde: teatro Brincante (r. Purpurina, 428, tel. 0/xx/11/816-0575) Quando: de hoje a 19 de dezembro (sextas e sábados às 21h e domingos às 20h) Quanto: de R$ 7,50 a R$ 15

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