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MÚSICA REGIONAL
O instrumentista pernambucano se apresenta de hoje a 19 de dezembro no Brincante, em SP
Madureira dá voz ao sertão nordestino
SYLVIA COLOMBO
Editora-assistente da Ilustrada
Ele tem barba e cabelo fartos, é
apaixonado por sua causa, profético e otimista em relação ao futuro da cultura brasileira e vaga pelo
sertão nordestino, alimentando
interesse por cada vila e aldeia.
Não, não se trata de um moderno Antonio Conselheiro (o líder
messiânico que levantou Canudos). Seu nome é Antúlio Madureira, instrumentista e pesquisador do folclore brasileiro, e poderá ser visto a partir de hoje no teatro Brincante, em São Paulo.
Mas Madureira também não é
apenas um homem. Com ele, entram em cena personagens tradicionais e arquetípicos do Nordeste. O instrumentista encarna o
Mendigo Tocador de Berimbau, o
Cego Violeiro e o Velho Manguzá.
"Os personagens fazem parte do
imaginário das aldeias e pequenas
cidades do sertão. O Cego Violeiro, por exemplo, além de cantador, é um narrador de histórias e
lendas, uma figura que aparece
sempre nestes lugarejos, de uma
forma ou de outra", disse à Folha.
Mas a parte cênica é apenas um
trecho do show. Madureira mostrará o seu repertório, construído
a partir do tratamento erudito de
temas populares da região.
Em sua seleção estão ritmos como o maracatu e os caboclinhos,
assim como peças eruditas adaptadas ("Trenzinho Caipira", de
Villa-Lobos, e "Ária das Bachianas nº 5").
O músico cria instrumentos e
toca até serrote, num quadro que
já ficou famoso. Mas são os tradicionais que predominam: rabeca,
gaita de caboclinhos e viola.
O CD "Mourama", o último
gravado pelo músico, integra o repertório. A temática, como o nome sugere, é a influência árabe-ibérica na cultura nordestina.
"Ainda é muito forte, nas danças e
cavalhadas", diz.
Madureira atualmente pesquisa
as diferentes matizes do frevo e
dos caboclinhos. "A música do
sertão nordestino é muito variada. Em Pernambuco, por exemplo, não há só baião e forró. Há
muita variedade. A recuperação
disso, assim como a conscientização de que é importante preservar
essas sonoridades, é um trabalho
para gerações", diz.
Um exemplo desse trabalho de
pesquisa é a música "Dança dos
Tropeiros", recém-gravada, que
tomou inspiração na música típica dos índios tapuias de Ceará-Mirim (RN). "Misturei com som
dos caboclinhos, e o resultado é
uma homenagem à história local", completa.
Show: Teatro Instrumental
Com: Antúlio Madureira
Onde: teatro Brincante (r. Purpurina,
428, tel. 0/xx/11/816-0575)
Quando: de hoje a 19 de dezembro
(sextas e sábados às 21h e domingos às
20h)
Quanto: de R$ 7,50 a R$ 15
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