UOL


São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS

Museus japoneses recebem mostra com obras de Lygia Clark, Tarsila do Amaral e Mira Schendel em 2004

Antropofagia modernista chega ao Japão

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Mostra do Redescobrimento, realizada em 2000, no parque Ibirapuera, continua dando frutos. No dia 8 de junho do próximo ano, será a vez do Japão receber uma exposição sobre arte brasileira, como já ocorreu em Paris, Nova York e Buenos Aires, três das 47 cidades brasileiras e estrangeiras que já receberam uma versão da mostra original, nos últimos três anos. Depois de Tóquio, a exposição segue em agosto para Kyoto, também no Japão.
A exposição terá um formato próprio, organizado por Katsuo Suzuki, curador do Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio, instituição que sediará a mostra, organizada em parceria com a BrasilConnects, entidade responsável pela Mostra do Redescobrimento, então com o nome de Associação Brasil + 500.
O museu japonês conta com 12 curadores, mas a tarefa ficou com Suzuki. "Gosto de música brasileira e, quando perguntaram qual curador gostaria de organizar a mostra sobre o país, fui o único a levantar a mão", conta Suzuki, que conversou com a Folha na última quarta, em São Paulo, em busca de artistas para a exposição.
É a segunda visita do curador ao país, a primeira ocorreu em março deste ano. Suzuki está há um ano pesquisando arte brasileira. "Como não falo português, meu único acesso são catálogos e livros publicados em inglês, além de visitas a artistas e conversas com curadores. A publicação mais significativa que li foi "Brazil, Body & Soul", da mostra no Guggenheim, em 2001. Nele, há muitos textos com qualidade", conta o curador.
O tema da exposição já está definido, será "Brazil: Body Nostalgia" (Brasil: Corpo Nostalgia), retirado da série "Nostalgia do Corpo Objetos Relacionais" (1965-1988), de Lygia Clark (1920-1988).
"Minha intenção era apresentar mais arte contemporânea, mas como a maioria dos japoneses não conhece nada de arte brasileira, achei que deveria incluir personagens históricos e, por isso, decidi que a mostra irá desenvolver-se a partir do trabalho de três artistas, Lygia Clark, Tarsila do Amaral e Mira Schendel", afirma Suzuki.
Com isso, segue o curador, "a exposição será um diálogo entre a antiga e a nova geração de artistas brasileiros". Com a exposição, o curador pretende "introduzir a noção de Antropofagia [do manifesto de Oswald de Andrade]", no Japão.
Divida em três módulos, a exposição irá retratar "Antropologia como Estratégia", a partir da obra de Tarsila, "Experiências Vividas", tendo Clark como tema central, e "Senso de Transição: Qualidade Efêmera de Existência", seção baseada na obra de Schendel.
Para Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects, a mostra será "um aperitivo para 2008, que é o centenário da imigração japonesa no Brasil".
Em 2008, conta Ferreira, "prevemos a organização de uma megaexposição de arte japonesa no Brasil e outra mostra brasileira no Japão". Suzuki deve ser o curador dessa segunda mostra, em Tóquio.
A BrasilConnects organiza outras três exposições no exterior, em 2004. A primeira, já em janeiro, ocorre em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, com arte contemporânea e plumária indígena.
Em maio, no Palácio Imperial, de Pequim, na China, a associação expõe também arte plumária indígena, além de peças de arqueologia brasileira. Finalmente, em setembro, no Vaticano, será a vez do barroco brasileiro, com obras de Aleijadinho.


Texto Anterior: Música: George Clinton é preso na Flórida
Próximo Texto: Frases
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.