|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Museus japoneses recebem mostra com obras de Lygia Clark, Tarsila do Amaral e Mira Schendel em 2004
Antropofagia modernista chega ao Japão
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Mostra do Redescobrimento,
realizada em 2000, no parque Ibirapuera, continua dando frutos.
No dia 8 de junho do próximo
ano, será a vez do Japão receber
uma exposição sobre arte brasileira, como já ocorreu em Paris, Nova York e Buenos Aires, três das
47 cidades brasileiras e estrangeiras que já receberam uma versão
da mostra original, nos últimos
três anos. Depois de Tóquio, a exposição segue em agosto para
Kyoto, também no Japão.
A exposição terá um formato
próprio, organizado por Katsuo
Suzuki, curador do Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio,
instituição que sediará a mostra,
organizada em parceria com a
BrasilConnects, entidade responsável pela Mostra do Redescobrimento, então com o nome de Associação Brasil + 500.
O museu japonês conta com 12
curadores, mas a tarefa ficou com
Suzuki. "Gosto de música brasileira e, quando perguntaram qual
curador gostaria de organizar a
mostra sobre o país, fui o único a
levantar a mão", conta Suzuki,
que conversou com a Folha na última quarta, em São Paulo, em
busca de artistas para a exposição.
É a segunda visita do curador ao
país, a primeira ocorreu em março deste ano. Suzuki está há um
ano pesquisando arte brasileira.
"Como não falo português, meu
único acesso são catálogos e livros
publicados em inglês, além de visitas a artistas e conversas com
curadores. A publicação mais significativa que li foi "Brazil, Body &
Soul", da mostra no Guggenheim,
em 2001. Nele, há muitos textos
com qualidade", conta o curador.
O tema da exposição já está definido, será "Brazil: Body Nostalgia" (Brasil: Corpo Nostalgia), retirado da série "Nostalgia do Corpo Objetos Relacionais" (1965-1988), de Lygia Clark (1920-1988).
"Minha intenção era apresentar
mais arte contemporânea, mas
como a maioria dos japoneses
não conhece nada de arte brasileira, achei que deveria incluir personagens históricos e, por isso,
decidi que a mostra irá desenvolver-se a partir do trabalho de três
artistas, Lygia Clark, Tarsila do
Amaral e Mira Schendel", afirma
Suzuki.
Com isso, segue o curador, "a
exposição será um diálogo entre a
antiga e a nova geração de artistas
brasileiros". Com a exposição, o
curador pretende "introduzir a
noção de Antropofagia [do manifesto de Oswald de Andrade]", no
Japão.
Divida em três módulos, a exposição irá retratar "Antropologia
como Estratégia", a partir da obra
de Tarsila, "Experiências Vividas", tendo Clark como tema central, e "Senso de Transição: Qualidade Efêmera de Existência", seção baseada na obra de Schendel.
Para Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects, a mostra será "um aperitivo para 2008,
que é o centenário da imigração
japonesa no Brasil".
Em 2008, conta Ferreira, "prevemos a organização de uma megaexposição de arte japonesa no
Brasil e outra mostra brasileira no
Japão". Suzuki deve ser o curador
dessa segunda mostra, em Tóquio.
A BrasilConnects organiza outras três exposições no exterior,
em 2004. A primeira, já em janeiro, ocorre em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, com arte contemporânea e
plumária indígena.
Em maio, no Palácio Imperial,
de Pequim, na China, a associação
expõe também arte plumária indígena, além de peças de arqueologia brasileira. Finalmente, em
setembro, no Vaticano, será a vez
do barroco brasileiro, com obras
de Aleijadinho.
Texto Anterior: Música: George Clinton é preso na Flórida Próximo Texto: Frases Índice
|