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MÚSICA
Após passar por SP, cantora e pianista norte-americana fará shows no Rio, em Belo Horizonte e em Porto Alegre
Norah Jones celebra as belezas da vida comum
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Beleza é um conceito maleável, e o primeiro show da
norte-americana Norah Jones em
SP, anteontem no Via Funchal, girou basicamente em torno da
idéia de que a beleza expressa-se
nas coisas simples e básicas.
A "mensagem" de Jones, recheio de discos com vendagens
surpreendentes, se traduz em seu
público, que era majoritariamente de moças e adolescentes acompanhadas do núcleo básico -a
família de mães, pais, namorados
e avós. Não há restrição etária para esse pop disfarçado de country,
folk e até jazz. E "Sunrise" ou
"Carnival Town" realmente funcionam como o antipop a Britney
Spears que Jones representa.
O show transcorre correto e
simples, como uma novela de TV
-e "Those Sweet Words", a
"música da novela", não deixa
dúvidas- dos tempos em que sexo ou violência eram vetados.
Inocência a preservar, como uma
Sandy de Primeiro Mundo.
Mas há algo de estranho e perverso nessa maré de normalidade
e beleza, e nem se trata das versões mais esticadas (e pesadas) de
algumas músicas, como "I've Got
to See You Again" ou "In the
Morning", que incluíam solos dos
guitarristas ou do baterista.
"Quanta gente bonita nessa parte do mundo", diz Jones ao público. "Estou tão nervosa, e vocês são
tão fofinhos. Nós somos tão americanos, tão chatos." Modéstia
que, de imediato, impõe simpatia,
mas também estabelece distâncias intransponíveis. E vale lembrar que há uma pitada de sutil
ironia em um grupo de apoio que
se chama The Handsome Band
(algo como A Banda Bonitona).
Prevalece o marketing da "antidiva", expressado no visual comum de Jones, no que poderia ser
confundida com qualquer moça
de danceteria da Vila Olímpia.
Pessoas comuns gostam de astros
interpretando pessoas comuns.
Norah Jones
Quando: em Belo Horizonte: Marista
Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230,
BH, tel. 0/xx/31/ 3209-8989), amanhã, às
22h. Quanto: de R$ 80 a R$ 180; em Porto
Alegre: teatro do Sesi (av. Assis Brasil,
8.787, PA, tel. 0/xx/ 51/3347-8706), seg.
(dia 13), às 21h. Quanto: de R$ 100
(esgotados) a R$ 300; no Rio: Ribalta (av.
das Américas, 9.650, RJ, tel. 0/xx/21/
2432-6000), ter. (14), às 22h. Quanto: de
R$ 140 a R$ 440
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