São Paulo, sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

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MÚSICA

Após passar por SP, cantora e pianista norte-americana fará shows no Rio, em Belo Horizonte e em Porto Alegre

Norah Jones celebra as belezas da vida comum

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Beleza é um conceito maleável, e o primeiro show da norte-americana Norah Jones em SP, anteontem no Via Funchal, girou basicamente em torno da idéia de que a beleza expressa-se nas coisas simples e básicas.
A "mensagem" de Jones, recheio de discos com vendagens surpreendentes, se traduz em seu público, que era majoritariamente de moças e adolescentes acompanhadas do núcleo básico -a família de mães, pais, namorados e avós. Não há restrição etária para esse pop disfarçado de country, folk e até jazz. E "Sunrise" ou "Carnival Town" realmente funcionam como o antipop a Britney Spears que Jones representa.
O show transcorre correto e simples, como uma novela de TV -e "Those Sweet Words", a "música da novela", não deixa dúvidas- dos tempos em que sexo ou violência eram vetados. Inocência a preservar, como uma Sandy de Primeiro Mundo.
Mas há algo de estranho e perverso nessa maré de normalidade e beleza, e nem se trata das versões mais esticadas (e pesadas) de algumas músicas, como "I've Got to See You Again" ou "In the Morning", que incluíam solos dos guitarristas ou do baterista.
"Quanta gente bonita nessa parte do mundo", diz Jones ao público. "Estou tão nervosa, e vocês são tão fofinhos. Nós somos tão americanos, tão chatos." Modéstia que, de imediato, impõe simpatia, mas também estabelece distâncias intransponíveis. E vale lembrar que há uma pitada de sutil ironia em um grupo de apoio que se chama The Handsome Band (algo como A Banda Bonitona).
Prevalece o marketing da "antidiva", expressado no visual comum de Jones, no que poderia ser confundida com qualquer moça de danceteria da Vila Olímpia. Pessoas comuns gostam de astros interpretando pessoas comuns.


Norah Jones
  
Quando: em Belo Horizonte: Marista Hall (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, BH, tel. 0/xx/31/ 3209-8989), amanhã, às 22h. Quanto: de R$ 80 a R$ 180; em Porto Alegre: teatro do Sesi (av. Assis Brasil, 8.787, PA, tel. 0/xx/ 51/3347-8706), seg. (dia 13), às 21h. Quanto: de R$ 100 (esgotados) a R$ 300; no Rio: Ribalta (av. das Américas, 9.650, RJ, tel. 0/xx/21/ 2432-6000), ter. (14), às 22h. Quanto: de R$ 140 a R$ 440



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