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"Cassino Royale" renova franquia 007
Com estréia na sexta-feira no Brasil, filme conta as origens do agente secreto britânico e mira platéias adolescentes
Com Daniel Craig no papel principal, produção já rendeu US$ 313 milhões em bilheteria mundial, com apenas 19 dias nas telas
TETÉ RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK
Quando foi anunciado que o
ator Daniel Craig seria o novo
James Bond, a imprensa especializada decidiu que, agora
sim, quatro décadas e 20 filmes
depois, a cinessérie estava definitivamente morta e enterrada.
O ator a interpretar o agente secreto mais conhecido do "mundo livre", com licença para matar a serviço de Sua Majestade,
poderia ser qualquer um, menos Craig.
"Um James Bond loiro?", escreveu um tablóide inglês. Foi o
começo de uma série de textos
em que o apelido "pug-face"
(rosto de pug, nome da raça daquele cachorro de cara amarrotada) era o mais ameno. "Baixo demais", "feio demais" e "loiro
demais" foram alguns dos "elogios" recebidos por Craig, ele
próprio um refinado ator de
formação teatral na renomada
Guildhall School.
Mas a produtora Barbara
Broccoli estava disposta a renovar a franquia que seu pai, o legendário Albert Broccoli (1909-1996), iniciou com o escritor Ian Fleming (1908-1964), autor do personagem e que já havia rendido duas dezenas de longas e cinco Bonds, do
insuperável Sean Connery ao
insuportável Timothy Dalton.
A idéia era fazer um agente secreto que pudesse falar à platéia adolescente, que move as bilheterias de Hollywood.
Marca forte
Ela tinha a desculpa perfeita:
em 2000, depois de anos de disputas judiciais, recuperou os
direitos do primeiro livro da série, "Cassino Royale", que já tinha sido episódio de uma telessérie em 1954 e ganhou uma
versão em 1967, com David Niven no papel de Bond -mas,
nas mãos de um jovem roteirista chamado Woody Allen, que
também interpretava um dos
vilões, tinha virado uma comédia escrachada que fugia ao espírito original do livro.
"Eu sempre quis fazer "Cassino Royale'", disse à Folha Barbara Broccoli, em Nova York.
"Desde que eu consegui os direitos de volta, tenho tentado
convencer os investidores de
que James Bond é uma marca
forte, que não morreu. O 11 de
Setembro atrapalhou um pouco, mas agora finalmente saiu.
E valeu a pena: é um dos melhores da série."
Autopromoção à parte, Broccoli tem razão: "Cassino Royale" conta as origens do agente secreto, quando ele ainda não
era da categoria dos 00.
O longa-metragem mostra
seu primeiro assassinato, seu
primeiro amor (Eva Green),
sua primeira decepção, que o
levaria à superficialidade das
bondgirls, as dicas de sua preferência pelo martini, o começo
dos aparelhos tecnológicos mirabolantes.
Nesse sentido, "Cassino Royale" -que estréia sexta no
Brasil- é uma "preqüência"
que explica as origens do agente, ainda como um diamante
bruto, com a diferença de que
se passa nos dias de hoje.
Quanto aos jovens, tudo foi
pensado: ele é malhado e aparece pelado o suficiente para
atrair as meninas, violento e
com perseguições suficientes
para agradar aos garotos.
De quebra, tem o cantor
Chris Cornell, da banda Audioslave, cantando o tema de
abertura, "You Know My Name", o que serve para atrair
também os trintões e quarentões fãs do ex-vocalista do
Soundgarden, um dos expoentes do grunge de Seattle.
"Cassino" é totalmente diferente, diz coisas novas sobre o
personagem, ele é mais humano, se apaixona e é um novo
ator no papel", disse à Folha o
diretor, Martin Campbell, que
já tinha dirigido "007 contra
Goldeneye", de 1995, com Pierce Brosnan, um James Bond
bem razoável. "Eu tinha de falar com Pierce, o último Bond,
e ele disse que sabia que essa
história é a primeira do agente
e que ele estava muito velho
para o papel", continua Campbell. "Mas ele foi meu primeiro
Bond, eu fui o primeiro diretor
dele como Bond, e você sabe
como são essas coisas de primeiro isso, primeiro aquilo, fica uma ligação sentimental."
"Cassino Royale" é todo ele
um filme de "primeiros": é o
primeiro ator loiro, o primeiro
que nasceu depois do primeiro
filme ter estreado e após a morte do criador (Daniel Craig, que
nasceu em Chester, na Inglaterra, é de 1968).
Mas é outro aspecto que interessa aos produtores: desde
sua estréia nos Estados Unidos,
em 19 de novembro, é a segunda maior bilheteria de fim de
semana da série, o primeiro a
alcançar US$ 90 milhões em
menos de duas semanas, o de
mais sucesso no Reino Unido
até agora e o quarto colocado
da franquia, com US$ 313 milhões em bilheteria mundial,
com apenas 19 dias nas telas.
Ou seja, daqui a dois anos
tem mais. De verdade: o filme
já tem nome provisório, "Bond
22", e a participação confirmada de Judi Dench, como a eterna M. E Craig, Daniel Craig, no papel principal...
A jornalista TETÉ RIBEIRO viajou a convite da
Sony Pictures
Colaborou SANDRO MACEDO , do Guia da Folha
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