São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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"Cassino Royale" renova franquia 007

Com estréia na sexta-feira no Brasil, filme conta as origens do agente secreto britânico e mira platéias adolescentes

Com Daniel Craig no papel principal, produção já rendeu US$ 313 milhões em bilheteria mundial, com apenas 19 dias nas telas

TETÉ RIBEIRO
ENVIADA ESPECIAL A NOVA YORK

Quando foi anunciado que o ator Daniel Craig seria o novo James Bond, a imprensa especializada decidiu que, agora sim, quatro décadas e 20 filmes depois, a cinessérie estava definitivamente morta e enterrada.
O ator a interpretar o agente secreto mais conhecido do "mundo livre", com licença para matar a serviço de Sua Majestade, poderia ser qualquer um, menos Craig.
"Um James Bond loiro?", escreveu um tablóide inglês. Foi o começo de uma série de textos em que o apelido "pug-face" (rosto de pug, nome da raça daquele cachorro de cara amarrotada) era o mais ameno. "Baixo demais", "feio demais" e "loiro demais" foram alguns dos "elogios" recebidos por Craig, ele próprio um refinado ator de formação teatral na renomada Guildhall School.
Mas a produtora Barbara Broccoli estava disposta a renovar a franquia que seu pai, o legendário Albert Broccoli (1909-1996), iniciou com o escritor Ian Fleming (1908-1964), autor do personagem e que já havia rendido duas dezenas de longas e cinco Bonds, do insuperável Sean Connery ao insuportável Timothy Dalton. A idéia era fazer um agente secreto que pudesse falar à platéia adolescente, que move as bilheterias de Hollywood.

Marca forte
Ela tinha a desculpa perfeita: em 2000, depois de anos de disputas judiciais, recuperou os direitos do primeiro livro da série, "Cassino Royale", que já tinha sido episódio de uma telessérie em 1954 e ganhou uma versão em 1967, com David Niven no papel de Bond -mas, nas mãos de um jovem roteirista chamado Woody Allen, que também interpretava um dos vilões, tinha virado uma comédia escrachada que fugia ao espírito original do livro.
"Eu sempre quis fazer "Cassino Royale'", disse à Folha Barbara Broccoli, em Nova York.
"Desde que eu consegui os direitos de volta, tenho tentado convencer os investidores de que James Bond é uma marca forte, que não morreu. O 11 de Setembro atrapalhou um pouco, mas agora finalmente saiu.
E valeu a pena: é um dos melhores da série." Autopromoção à parte, Broccoli tem razão: "Cassino Royale" conta as origens do agente secreto, quando ele ainda não era da categoria dos 00.
O longa-metragem mostra seu primeiro assassinato, seu primeiro amor (Eva Green), sua primeira decepção, que o levaria à superficialidade das bondgirls, as dicas de sua preferência pelo martini, o começo dos aparelhos tecnológicos mirabolantes.
Nesse sentido, "Cassino Royale" -que estréia sexta no Brasil- é uma "preqüência" que explica as origens do agente, ainda como um diamante bruto, com a diferença de que se passa nos dias de hoje.
Quanto aos jovens, tudo foi pensado: ele é malhado e aparece pelado o suficiente para atrair as meninas, violento e com perseguições suficientes para agradar aos garotos.
De quebra, tem o cantor Chris Cornell, da banda Audioslave, cantando o tema de abertura, "You Know My Name", o que serve para atrair também os trintões e quarentões fãs do ex-vocalista do Soundgarden, um dos expoentes do grunge de Seattle.
"Cassino" é totalmente diferente, diz coisas novas sobre o personagem, ele é mais humano, se apaixona e é um novo ator no papel", disse à Folha o diretor, Martin Campbell, que já tinha dirigido "007 contra Goldeneye", de 1995, com Pierce Brosnan, um James Bond bem razoável. "Eu tinha de falar com Pierce, o último Bond, e ele disse que sabia que essa história é a primeira do agente e que ele estava muito velho para o papel", continua Campbell. "Mas ele foi meu primeiro Bond, eu fui o primeiro diretor dele como Bond, e você sabe como são essas coisas de primeiro isso, primeiro aquilo, fica uma ligação sentimental."
"Cassino Royale" é todo ele um filme de "primeiros": é o primeiro ator loiro, o primeiro que nasceu depois do primeiro filme ter estreado e após a morte do criador (Daniel Craig, que nasceu em Chester, na Inglaterra, é de 1968).
Mas é outro aspecto que interessa aos produtores: desde sua estréia nos Estados Unidos, em 19 de novembro, é a segunda maior bilheteria de fim de semana da série, o primeiro a alcançar US$ 90 milhões em menos de duas semanas, o de mais sucesso no Reino Unido até agora e o quarto colocado da franquia, com US$ 313 milhões em bilheteria mundial, com apenas 19 dias nas telas.
Ou seja, daqui a dois anos tem mais. De verdade: o filme já tem nome provisório, "Bond 22", e a participação confirmada de Judi Dench, como a eterna M. E Craig, Daniel Craig, no papel principal...


A jornalista TETÉ RIBEIRO viajou a convite da Sony Pictures

Colaborou SANDRO MACEDO , do Guia da Folha

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