São Paulo, segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crítica/Nokia Trends

Phoenix e UR se destacam em festival multimídia

Sidinei Lopes/Folha Imagem
Thomas Mars, do Phoenix, durante o Nokia Trends, em SP


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Festival que propôs "privilegiar a vanguarda da música mundial", o Nokia Trends teve como destaques um grupo da linhagem tradicional da eletrônica e outro que costura com boas melodias o formato rock-pop. Perto de 4.000 pessoas passaram anteontem pelo evento, em estrutura armada no Memorial da América Latina, no bairro paulistano da Barra Funda.
Um espaço do festival foi dedicado à arte multimídia, mas o chamariz era o braço musical, que teve entre suas atrações os brasileiros Artificial (projeto do produtor Kassin), Mauricio Takara e a dupla carioca The Twelves, além do grupo australiano Van She (rock para a pista) e dos americanos She Wants Revenge (mutação não resolvida de Joy Division e Cure).
Com competidores internacionais não muito fortes, não houve dificuldades para o coletivo de Detroit Underground Resistance e para os franceses Phoenix ganharem as atenções.
O UR (como o Underground Resistance é chamado pelos fãs) é um grupo nascido no final dos anos 80 que se dedica ao tecno, gênero da eletrônica que fora criado em Detroit pouco antes. Às batidas sintéticas do tecno, o UR adiciona elementos melodiosos complexos que remetem ao jazz e à black music.
O coletivo desembarcou em São Paulo com oito membros, incluindo um MC (que servia apenas para anunciar as músicas e distribuir CDs à platéia), o fundador do UR, Mike Banks (que pilotava um sintetizador), um desenvolto baixista, um saxofonista e um baterista.
Com esse time, músicas como "Timeline" e "Knights of the Jaguar", reverenciadas em pistas de dança, ganharam arranjos jazzísticos; tirando alguns momentos, em que chegaram a incomodar os excessivos improvisos de baixo e de saxofone, foi uma apresentação rica em detalhes, em que o UR mostrou que a dance music está longe de ser música mecânica.

Mais rock, menos soft
O termo "soft rock" muitas vezes é utilizado para descrever os franceses Phoenix. No palco, eles são muito mais "rock" do que "soft". As guitarras são responsáveis por uma bem-vinda agressividade que valoriza as boas melodias das canções.
Músicas como "Run Run Run" e "Everything Is Everything" chamam o coro do público e ilustram um show que coloriu o Nokia Trends com um pop-rock sofisticado.
Desconhecidos no Brasil, os australianos Van She foram convocados a fazer dois sets. O primeiro no início da noite, em que como banda resgatam a sonoridade pop dos anos 80. O segundo, como DJs, em que apenas serviram para animar o público antes da entrada do She Wants Revenge (já eram quase 4h de domingo).
O vocalista do SWR, Justin Warfield, tem a voz quase idêntica à de Ian Curtis. Mas suas letras, opacas, não têm a urgência das canções do Joy Division. A música da banda é capenga, e o visual neo-gótico parece saído de uma novela das oito.


Texto Anterior: Guilherme Wisnik: Intuição trágica e repouso
Próximo Texto: Sem ar, público foi obrigado a suar a camisa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.