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TV Cultura estava "descontrolada", diz Sayad
Secretário estadual defende pacote que vincula investimentos na Fundação Padre Anchieta a cumprimento de metas
Emissora também acabará com publicidade em programas infantis, segundo o presidente
da FPA, Paulo Markun
CATIA SEABRA
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Cultura de
São Paulo, João Sayad, defendeu ontem a adoção de mecanismos de controle dos gastos
da Fundação Padre Anchieta,
administradora da TV Cultura
e da Rádio Cultura.
Ao justificar o "contrato de
parceria" firmado anteontem
entre a FPA e o Estado, Sayad
admitiu que o governo estava
insatisfeito com o modelo de
gestão da fundação.
Diante do presidente da fundação, Paulo Markun, com
quem almoçava ontem, Sayad
reconheceu que o Estado exige
maior controle das despesas.
"[A fundação] estava descontrolada. Agora, está meio controlada", afirmou Sayad, em
tom de brincadeira, durante almoço presenciado pela Folha.
Ainda que um pouco desconfortável, Markun, que descrevera as dificuldades de organização das despesas da fundação, concordou: "É verdade".
Como a Folha antecipou ontem, a FPA e o governo assinaram um acordo segundo o qual
a fundação assume uma série
de compromissos de gestão,
como a ampliação da captação
de recursos próprios e a redução de espaço da publicidade
comercial. Do contrário, será
punida com o corte de verbas
transferidas pelo Estado.
Sayad defendeu a medida:
"Isso formaliza o relacionamento da fundação com o Estado", argumentou.
O acordo estabelece metas
de corte para que a fundação
tenha direito a repasse de verbas. Pelo contrato, o volume de
recursos repassado também
será reduzido a cada ano: dos
R$ 78,6 milhões programados
para 2008 até R$ 56,8 milhões
em 2013. As regras se aplicam
tanto à rádio como à TV.
Publicidade polêmica
Além disso, a TV Cultura vai
acabar com a publicidade em
programas infantis a partir de
janeiro, segundo Markun.
Com 12 horas diárias de conteúdo voltado à criança, terá só
anúncios institucionais e patrocínios nessa faixa horária.
Se as propagandas de produtos já são objeto de polêmica
até na programação adulta da
TV Cultura -que é pública e,
teoricamente, tem uma proposta editorial diferente das redes comerciais-, nos programas infantis era duramente
criticada até pela cúpula da TV
Cultura, além de membros do
conselho curador.
"Será uma mudança de eixo",
disse Markun, explicando que a
idéia é reduzir a publicidade comercial a 1% do tempo de programação da TV.
A abertura a comerciais foi
gradual e, hoje, o intervalo da
Cultura é igual ao de canais privados. No canal infantil pago da
TV Rá-Tim-Bum, um intervalo
de elogiados programas educativos como o "Cocoricó" e o
"Castelo Rá-Tim-Bum" já foi
preenchido, por exemplo, com
anúncios de bonecas da "Rebelde", novela "trash" do SBT, que
explora a sexualidade de suas
protagonistas adolescentes.
Segundo Markun, a decisão
foi da própria fundação e está
fora do acordo firmado com o
governo. Apesar disso, interlocutores de Serra também fizeram pressão para que a FPA assumisse esse compromisso.
Markun afirma que o faturamento anual com a publicidade
comercial nos programas infantis é de R$ 4 milhões. "Agora, vamos buscar outras fontes
de receita", disse.
Recentemente, a Cultura
passou a cobrar de outras emissoras públicas e educativas pela
veiculação de seus programas.
Segundo Markun, essa é uma
nova forma de arrecadar receitas. Só com a venda de quatro
programas para a TV Brasil, a
fundação deverá arrecadar R$
3 milhões em 2009.
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