da Reportagem Local

Na capa da primeira edição da Ilustrada estava uma jovem escritora chamada Lygia Fagundes Telles. Ela lançava o livro "Histórias do Desencontro" e foi uma das personalidades que responderam à questão: "Você gostaria que seus filhos seguissem a mesma carreira que a sua?".
Goffredo da Silva Telles Neto, seu filho, tinha três anos. Hoje é cineasta, a despeito de Lygia ter dito à Folha em 1958 que "seria um prazer se ele tivesse vocação literária".
Na semana passada, Lygia enviou carta à Ilustrada. Escreve a autora de "Ciranda de Pedra":
"Neste nosso Terceiro Mundo, em que as coisas são por demais provisórias, borboleteantes -país alegre, sim, mas não feliz (Renato Russo)-, um caderno durar tanto tempo assim parece até um milagre. Mudando com o tempo, é claro, pois só imbecis não mudam, mas mantendo essa liberdade com dignidade. Com coragem, testemunha-participante deste tempo e desta nossa sociedade com tantas chagas e com tão escassas soluções para a cura dessas chagas. Um caderno aparentemente superficial, repito, aparentemente porque é por meio do humor desses jornalistas que as melhores denúncias são armadas".



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