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MÚSICA
Gravadora, que ainda não havia se pronunciado sobre o caso, afirma que cantor quer ``indenização absurda''
EMI nega acusações de João Gilberto
ERIKA SALLUM
free-lance para a Folha
A gravadora EMI-Odeon, por
meio do advogado Cláudio de
Souza Amaral, nega as acusações
feitas por João Gilberto de que teria deturpado os trabalhos do cantor ao relançá-los em CDs, acrescentando que o músico tenta conseguir ``indenização absurda''.
A EMI não havia se pronunciado
sobre o caso até então.
O contrato do cantor com a gravadora expirou em 62. Em 88, ela
lançou CDs do músico.
Segundo o advogado do artista,
Simão Isaac Benjó, a EMI pediu
autorização para reproduzir os
discos. Apesar de o pedido ter sido
negado, os CDs foram feitos.
Com base em laudo de uma empresa norte-americana, Benjó alega que os discos contêm ``efeitos
sonoros que não pertenciam às
gravações originais, banalizando o
trabalho de um grande artista''.
Além disso, explica, ao passar as
gravações para CD, a empresa, necessariamente, teria de ser autorizada pelo músico.
Por causa das acusações do cantor, que entrou com medida cautelar em dezembro, foi concedida liminar proibindo provisoriamente
a gravadora de produzir e comercializar CDs de seu catálogo que
contenham trabalhos do cantor. A
Justiça recolheu apenas alguns
exemplares para análise.
Os advogados entrarão com ação
indenizatória por danos morais e
patrimoniais, além de uma multa
para que a EMI não continue fabricando os discos.
De acordo com o advogado da
gravadora, Cláudio de Souza
Amaral, a EMI apenas remasterizou as matrizes fonográficas, ``levando ao público a oportunidade
de se ouvir João Gilberto com a
qualidade e autenticidade do som
aperfeiçoado pela tecnologia do
digital compact disc''.
Amaral também alega que a gravadora nunca pediu autorização
para fabricar os CDs: ``A empresa
apenas tentou negociações para
melhorar a porcentagem do músico no contrato''.
O advogado afirma ainda que,
quando as produções fonográficas
foram feitas, passaram a ser propriedade da gravadora. ``E, naquela época, não existia CD.''
``Se João Gilberto se sente moralmente ofendido, por que esperou oito anos (de 88 a 96) para processar a EMI?'', pergunta. Para o
advogado, a atitude do cantor é, na
verdade, uma tentativa de conseguir uma ``indenização absurda''.
``Ao relançar seus discos em CD,
a EMI o fez até mesmo em benefício do artista, pois é claro que ele
participa dos valores de vendas
previstos nos contratos, contra os
quais o artista agora se rebela.''
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