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Da esq. para a dir. Stills, Crosby e Nash em apresentação do grupo, que lança o CD inédito "Looking Forward"

Dois CDs trazem as bandas Crosby, Stills, Nash & Young e Kinks misturando novidades com saudosismo puro

Crosby, Stills, Nash & Young

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Feliz 1970 -é impossível evitar a saudação quando se sabe que Crosby, Stills, Nash & Young estão lançando disco novo, "Looking Forward". E não se engane pelo título brincalhão, que tudo aqui é saudosismo mesmo.
"Faith in Me", de Stephen Stills, que abre o trabalho, pode até enganar, num pique que chega a parecer de world music -novidadeiros?-, mas não é -é, antes, CSNY esforçando-se por soar caipiras, tal qual, feita a volta de 30 anos, em "Déjà Vu" (70).
No todo, o fenômeno que aqui se verifica é melancólico. Os membros do superquarteto têm histórias individuais respeitáveis, mas, desde a constituição do grupo e o lançamento de "Déjà Vu", eram vítimas da desigualdade. Nem Crosby, nem Stills, nem Nash são ou jamais serão Young, a força motriz do estilo de música que o CNSY quis cravar.
Neil Young, então egresso do Buffalo Springfield (como Stills) e já dono de dois discos-solo -inclusive o deslumbrante "Everybody Knows This Is Nowhere" (69)-, talvez ainda fosse do mesmo tamanho dos outros naquela época, mas deixaria logo de ser.
Hoje, passados tantos anos, Young é daqueles raríssimos artistas que atravessam décadas de carreira sem estagnar, sem parecer mera sombra dele mesmo.
É por isso que "Looking Forward" é um disco com quatro canções perfeitas de Young, mais um apêndice de oito outros temas saudosistas, de Crosby, de Stills, de Nash.
Por si só, Young constitui com suas composições o núcleo melancólico do CD. "Looking Forward", "Slowpoke" e "Out of Control" são tristes -e bonitas- a não mais poder; "Queen of Them All", menos tristonha, é o rock de estrada, o rock vagabundinho de coro que Young sempre fez bem mesmo em momentos menos inspirados.
Nesses pedaços, o ranço de rancho se afasta do CD (nas canções de Nash ele é muito forte, e em "Seen Enough", the Stills, vem pesada também). Mas aí "Looking Forward" torna-se, como disco de Crosby, Stills, Nash & Young, um disco razoável de Neil Young.
Pode servir para aplacar saudosismos mais doídos, mas a ferrugem de que Young falou com tanta propriedade não deixa de recobrir o CSNY. Um brinde ao passado, que às vezes ainda volta.

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