São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2002

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CINEMA/ESTRÉIAS

"ZOOLANDER"

Top models e indústria da fama são alvo de piadas no mais recente filme do americano Ben Stiller na direção

Comédia satiriza celebridades fashion

MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES

Se o senso de humor de Ben Stiller não te agradou em filmes como "Quem Vai Ficar com Mary?", "Tenha Fé" e "Entrando numa Fria", então não perca tempo e dinheiro indo assistir "Zoolander", que entra em cartaz hoje no país.
Se, pelo contrário, o estilo debochado do ator americano te faz rolar de rir, cuidado: o novo filme pode causar uma overdose. "Zoolander" é o projeto mais pessoal de Stiller que, entre outras tarefas, escreveu o roteiro, dirigiu, produziu e encarnou o papel principal.
A história satiriza o mundo da moda e seus clichês. "Tenho certeza de que há muito mais na vida do que apenas ser muito, muito bonito, e pretendo descobrir o que há além disso". A estupidez de declarações como essa é a marca do modelo Derek Zoolander.
Na pele de um super-herói americano burro e vaidoso, Stiller protagoniza a trama-pastelão que, como tal, não se preocupa em fazer muito sentido.
Derrotado num concurso de beleza para o modelo novato Hansel (Owen Wilson), Zoolander luta para retomar a hegemonia das passarelas. Acaba submetido a uma lavagem cerebral que o transforma numa marionete assassina do estilista vilão Mugatu, em seus planos para assassinar o primeiro-ministro da Malásia.
Leia trechos da entrevista concedida por Stiller, 36, em Londres, da qual a Folha participou.

Pergunta - Você se tornou conhecido do público como ator. Pretende deixar essa carreira de sucesso de lado e se arriscar como diretor?
Ben Stiller -
Eu sempre amei dirigir, isso é o que veio primeiro em mim, apesar de estar trabalhando mais como ator. O que é legal em dirigir é que você pode fazê-lo por toda a vida e nunca vai estar limitado pela aparência ou pela idade. Isso é o que eu me vejo fazendo por muito tempo depois de ter minha carreira de ator.

Pergunta - O filme usa muito a linguagem de videoclipe. Na sua opinião, essa linguagem televisiva funciona no cinema?
Stiller -
Eu cresci com a MTV e costumo assisti-la. Achei importante fazer isso direito no filme. Parece haver uma separação entre os estilos usados na edição de filmes e de programas de TV. Em geral, se você tenta utilizar os gráficos e a velocidade de um videoclipe, as pessoas que fazem filmes não sabem como fazer. Então editei aquelas sequências separadamente, com um editor especializado nessa linguagem.

Pergunta - Como você vê o mundo da moda, das top models, satirizado em "Zoolander"?
Stiller -
Isso não faz muito sentido, mas a sociedade é fascinada pela fama, por celebridades. E os modelos são um bom exemplo disso, pois são o tipo de pessoas que são famosas apenas por serem famosas. Você não entende bem por que elas são famosas. Hoje todo mundo pode virar famoso sem ter feito nada real.

Pergunta - Houve reações negativas da indústria da moda ao filme?
Stiller -
Não sei. Ainda não ouvi nada deles, não entraram em contato [risos". Queria que o mundo mostrado fosse maior que a vida, e que fosse maior que uma sátira sobre o mundo da moda.

Pergunta - É notório o mau gosto de Derek Zoolander ao se vestir. Você manteve alguns trajes do filme para usar no dia-a-dia?
Stiller -
Nesse filme, não há nada que eu queira guardar, a não ser se for para usar durante o Halloween [Dia das Bruxas".

Pergunta - Você teve que fazer alterações nas cenas que mostram Nova York, para não mostrar as torres gêmeas do World Trade Center?
Stiller -
Tivemos que mudar uma tomada. Infelizmente, o filme foi lançado nos EUA duas semanas depois do 11 de setembro. Acabamos resolvendo entrar em cartaz porque senti que as pessoas que fossem ver o filme teriam uma comédia para escapar e não pensar em mais nada por uma hora e meia. Todos nos EUA fomos tão afetados que já não sabíamos o que era certo ou errado.


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