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CINEMA/ESTRÉIAS
"ZOOLANDER"
Top models e indústria da fama são alvo de piadas no mais recente filme do americano Ben Stiller na direção
Comédia satiriza celebridades fashion
MARCELO STAROBINAS
DE LONDRES
Se o senso de humor de Ben Stiller não te agradou em filmes como "Quem Vai Ficar com Mary?",
"Tenha Fé" e "Entrando numa
Fria", então não perca tempo e dinheiro indo assistir "Zoolander",
que entra em cartaz hoje no país.
Se, pelo contrário, o estilo debochado do ator americano te faz
rolar de rir, cuidado: o novo filme
pode causar uma overdose. "Zoolander" é o projeto mais pessoal
de Stiller que, entre outras tarefas,
escreveu o roteiro, dirigiu, produziu e encarnou o papel principal.
A história satiriza o mundo da
moda e seus clichês. "Tenho certeza de que há muito mais na vida
do que apenas ser muito, muito
bonito, e pretendo descobrir o
que há além disso". A estupidez
de declarações como essa é a marca do modelo Derek Zoolander.
Na pele de um super-herói americano burro e vaidoso, Stiller
protagoniza a trama-pastelão
que, como tal, não se preocupa
em fazer muito sentido.
Derrotado num concurso de beleza para o modelo novato Hansel
(Owen Wilson), Zoolander luta
para retomar a hegemonia das
passarelas. Acaba submetido a
uma lavagem cerebral que o
transforma numa marionete assassina do estilista vilão Mugatu,
em seus planos para assassinar o
primeiro-ministro da Malásia.
Leia trechos da entrevista concedida por Stiller, 36, em Londres,
da qual a Folha participou.
Pergunta - Você se tornou conhecido do público como ator. Pretende deixar essa carreira de sucesso
de lado e se arriscar como diretor?
Ben Stiller - Eu sempre amei dirigir, isso é o que veio primeiro
em mim, apesar de estar trabalhando mais como ator. O que é
legal em dirigir é que você pode
fazê-lo por toda a vida e nunca vai
estar limitado pela aparência ou
pela idade. Isso é o que eu me vejo
fazendo por muito tempo depois
de ter minha carreira de ator.
Pergunta - O filme usa muito a
linguagem de videoclipe. Na sua
opinião, essa linguagem televisiva
funciona no cinema?
Stiller - Eu cresci com a MTV e
costumo assisti-la. Achei importante fazer isso direito no filme.
Parece haver uma separação entre
os estilos usados na edição de filmes e de programas de TV. Em
geral, se você tenta utilizar os gráficos e a velocidade de um videoclipe, as pessoas que fazem filmes
não sabem como fazer. Então editei aquelas sequências separadamente, com um editor especializado nessa linguagem.
Pergunta - Como você vê o mundo da moda, das top models, satirizado em "Zoolander"?
Stiller - Isso não faz muito sentido, mas a sociedade é fascinada
pela fama, por celebridades. E os
modelos são um bom exemplo
disso, pois são o tipo de pessoas
que são famosas apenas por serem famosas. Você não entende
bem por que elas são famosas.
Hoje todo mundo pode virar famoso sem ter feito nada real.
Pergunta - Houve reações negativas da indústria da moda ao filme?
Stiller - Não sei. Ainda não ouvi
nada deles, não entraram em contato [risos". Queria que o mundo
mostrado fosse maior que a vida,
e que fosse maior que uma sátira
sobre o mundo da moda.
Pergunta - É notório o mau gosto
de Derek Zoolander ao se vestir.
Você manteve alguns trajes do filme para usar no dia-a-dia?
Stiller - Nesse filme, não há nada
que eu queira guardar, a não ser se
for para usar durante o Halloween [Dia das Bruxas".
Pergunta - Você teve que fazer alterações nas cenas que mostram
Nova York, para não mostrar as torres gêmeas do World Trade Center?
Stiller - Tivemos que mudar
uma tomada. Infelizmente, o filme foi lançado nos EUA duas semanas depois do 11 de setembro.
Acabamos resolvendo entrar em
cartaz porque senti que as pessoas
que fossem ver o filme teriam
uma comédia para escapar e não
pensar em mais nada por uma
hora e meia. Todos nos EUA fomos tão afetados que já não sabíamos o que era certo ou errado.
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