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Música - Crítica/"R.E.M. Live"
Registros ao vivo mostram R.E.M. em paz com seu rock
Gravados em Dublin, CD duplo e DVD trazem canção inédita e outras obscuras
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem conheceu o
R.E.M. do "Out of Time" (1991) em diante
-e não foram poucos, já que foi
este disco, com "Losing My Religion" e "Shiny Happy People",
que levou a banda às massas-
não deve ter percebido que se
tratava de uma banda de rock.
O álbum seguinte, o igualmente bem-sucedido "Automatic for the People" (1992)
-com "Drive", "Everybody
Hurts" e "Man on the Moon"-
só ajudou a distanciar o quarteto (hoje, um trio) de suas raízes
no indie rock norte-americano.
Mas o R.E.M. é, originalmente, uma banda de rock (quem
viu ao vivo no Rio, em 2001,
certamente se lembra), e seu
primeiro CD ao vivo, "R.E.M.
Live", ajuda a lembrar disto.
Gravado no Point Theatre,
em Dublin, em 26 e 27 de fevereiro de 2005, é um pacote com
três discos: dois deles contendo
o áudio dos shows, e o terceiro
com o DVD das apresentações.
São 22 músicas (as mesmas
nos CDs e no DVD) com foco no
último álbum de estúdio da
banda, o largamente ignorado
"Around the Sun" (2004).
Dele, entraram grandes canções como "Leaving New York"
e "Electron Blue", e outras menos felizes, como "Boy in the
Well" e "The Ascent of Man".
Também foram incluídos os
protestos anti-Bush, marca daquele álbum. "As próximas
duas canções que vamos tocar
foram escritas como protestos
contra as ações de nosso governo em sua atual administração", lembra o vocalista Michael Stipe antes de cantar "I
Wanted to Be Wrong" e "Final
Straw" -esta, ótima.
A sonoridade mais pesada da
banda já está presente desde a
abertura, com a pouco tocada "I
Took Your Name" (de "Monster", 1994).
Também aparece na tradicional (e sempre bem-vinda)
"What's the Frequency, Kenneth?", em "Orange Crush" e
na velha "Bad Day" (de 1985,
resgatada e repaginada numa
coletânea de 2003).
Velharias e novidades
Há um mergulho no começo
da banda, com a sensacional
"(Don't Go Back to) Rockville"
-com o baixista Mike Mills nos
vocais-, e em "Cuyahoga",
além do hit "The One I Love".
No mais, o show se alterna
entre os sucessos inevitáveis
("Losing my Religion", "Everybody Hurts", ambas com coro
empolgado do público) e algumas pérolas menos conhecidas,
como "Walk Unafraid".
"R.E.M. Live" traz de brinde
a inédita "I'm Gonna DJ", que
estará no próximo álbum de estúdio da banda, "Accelerate"
(que sai no exterior em abril).
Rápida e barulhenta, é uma
boa indicação -assim como o
título do álbum- de que a banda acelerou seu passo e vai entregar rock das antigas aos fãs.
Som é tudo
Se os CDs ao vivo têm o atrativo da novidade (fora sua qualidade), o mesmo não pode ser
dito sobre o DVD que os acompanha -a banda já lançou outros antes, e melhores.
O estilo "cool" da banda está
lá, é claro -no cenário, nas luzes, na máscara que Stipe pinta
no rosto, vestido com um terno-, mas a edição é daquelas
de disparar ataque epiléptico,
de tão frenética e veloz. Difícil
prestar atenção assim.
R.E.M. LIVE
Artista: R.E.M.
Gravadora: Warner Music
Quanto: R$ 75 em média
Avaliação: bom
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