São Paulo, sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

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Música - Crítica/"R.E.M. Live"

Registros ao vivo mostram R.E.M. em paz com seu rock

Gravados em Dublin, CD duplo e DVD trazem canção inédita e outras obscuras

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem conheceu o R.E.M. do "Out of Time" (1991) em diante -e não foram poucos, já que foi este disco, com "Losing My Religion" e "Shiny Happy People", que levou a banda às massas- não deve ter percebido que se tratava de uma banda de rock.
O álbum seguinte, o igualmente bem-sucedido "Automatic for the People" (1992) -com "Drive", "Everybody Hurts" e "Man on the Moon"- só ajudou a distanciar o quarteto (hoje, um trio) de suas raízes no indie rock norte-americano.
Mas o R.E.M. é, originalmente, uma banda de rock (quem viu ao vivo no Rio, em 2001, certamente se lembra), e seu primeiro CD ao vivo, "R.E.M. Live", ajuda a lembrar disto.
Gravado no Point Theatre, em Dublin, em 26 e 27 de fevereiro de 2005, é um pacote com três discos: dois deles contendo o áudio dos shows, e o terceiro com o DVD das apresentações.
São 22 músicas (as mesmas nos CDs e no DVD) com foco no último álbum de estúdio da banda, o largamente ignorado "Around the Sun" (2004).
Dele, entraram grandes canções como "Leaving New York" e "Electron Blue", e outras menos felizes, como "Boy in the Well" e "The Ascent of Man".
Também foram incluídos os protestos anti-Bush, marca daquele álbum. "As próximas duas canções que vamos tocar foram escritas como protestos contra as ações de nosso governo em sua atual administração", lembra o vocalista Michael Stipe antes de cantar "I Wanted to Be Wrong" e "Final Straw" -esta, ótima.
A sonoridade mais pesada da banda já está presente desde a abertura, com a pouco tocada "I Took Your Name" (de "Monster", 1994).
Também aparece na tradicional (e sempre bem-vinda) "What's the Frequency, Kenneth?", em "Orange Crush" e na velha "Bad Day" (de 1985, resgatada e repaginada numa coletânea de 2003).

Velharias e novidades
Há um mergulho no começo da banda, com a sensacional "(Don't Go Back to) Rockville" -com o baixista Mike Mills nos vocais-, e em "Cuyahoga", além do hit "The One I Love".
No mais, o show se alterna entre os sucessos inevitáveis ("Losing my Religion", "Everybody Hurts", ambas com coro empolgado do público) e algumas pérolas menos conhecidas, como "Walk Unafraid".
"R.E.M. Live" traz de brinde a inédita "I'm Gonna DJ", que estará no próximo álbum de estúdio da banda, "Accelerate" (que sai no exterior em abril).
Rápida e barulhenta, é uma boa indicação -assim como o título do álbum- de que a banda acelerou seu passo e vai entregar rock das antigas aos fãs.

Som é tudo
Se os CDs ao vivo têm o atrativo da novidade (fora sua qualidade), o mesmo não pode ser dito sobre o DVD que os acompanha -a banda já lançou outros antes, e melhores.
O estilo "cool" da banda está lá, é claro -no cenário, nas luzes, na máscara que Stipe pinta no rosto, vestido com um terno-, mas a edição é daquelas de disparar ataque epiléptico, de tão frenética e veloz. Difícil prestar atenção assim.


R.E.M. LIVE
Artista:
R.E.M.
Gravadora: Warner Music
Quanto: R$ 75 em média
Avaliação: bom


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