São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 2000


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Filme se perde no meio do deserto

THALES DE MENEZES
especial para a Folha

"Três Reis" parece, mas não é. Parece um filme engenhoso, criativo, que usa uma boa dose de cinismo para exibir o nonsense de uma guerra, mas não é. Parece um filme antiquado, careta, uma afirmação da supremacia dos valores americanos, mas não é.
O filme de David O. Russell fica no meio do caminho, é uma gangorra de erros e acertos, um punhado de boas intenções ofuscadas por alguns deslizes grosseiros.
"Três Reis" começa querendo ser "M.A.S.H.", de Robert Altman, ameaça uma homenagem a "Apocalypse Now", de Francis Coppola, e acaba como uma daquelas presepadas patrióticas estreladas por John Wayne.
O herói é George Clooney, que interpreta o oficial Archie Gates, garanhão de um acampamento militar que festeja o fim da Guerra do Golfo. Na véspera da volta para casa, três soldados descobrem a localização de um esconderijo de ouro roubado do Kuait pelas tropas de Saddam Hussein; Gates fica sabendo e força uma sociedade com eles para a pilhagem.
A missão, que prometia ser fácil como roubar doce de criança iraquiana, acaba tomando proporções épicas quando o quarteto toma posição na defesa de civis perseguidos por Saddam.
É nessa conversão dos soldados que o filme derrapa feio. Os bons momentos da primeira metade da história, com piadas e simbolismos críticos, até virulentos, dão lugar a um heroísmo fajuto, sem fibra, como qualquer filmeco de ação de segunda classe.
"Três Reis" começa bem, promete mais, mas perde o rumo.


Avaliação:  


Filme: Três Reis Produção: EUA, 1999 Direção: David O. Russell Com: George Clooney, Mark Wahlberg Quando: a partir de hoje, nos cines Paulista 1, West Plaza 3 e circuito

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