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Filme se perde no meio do deserto
THALES DE MENEZES
especial para a Folha
"Três Reis" parece, mas não é.
Parece um filme engenhoso, criativo, que usa uma boa dose de cinismo para exibir o nonsense de
uma guerra, mas não é. Parece
um filme antiquado, careta, uma
afirmação da supremacia dos valores americanos, mas não é.
O filme de David O. Russell fica
no meio do caminho, é uma gangorra de erros e acertos, um punhado de boas intenções ofuscadas por alguns deslizes grosseiros.
"Três Reis" começa querendo
ser "M.A.S.H.", de Robert Altman, ameaça uma homenagem a
"Apocalypse Now", de Francis
Coppola, e acaba como uma daquelas presepadas patrióticas estreladas por John Wayne.
O herói é George Clooney, que
interpreta o oficial Archie Gates,
garanhão de um acampamento
militar que festeja o fim da Guerra
do Golfo. Na véspera da volta para
casa, três soldados descobrem a
localização de um esconderijo de
ouro roubado do Kuait pelas tropas de Saddam Hussein; Gates fica sabendo e força uma sociedade
com eles para a pilhagem.
A missão, que prometia ser fácil
como roubar doce de criança iraquiana, acaba tomando proporções épicas quando o quarteto toma posição na defesa de civis perseguidos por Saddam.
É nessa conversão dos soldados
que o filme derrapa feio. Os bons
momentos da primeira metade
da história, com piadas e simbolismos críticos, até virulentos, dão
lugar a um heroísmo fajuto, sem
fibra, como qualquer filmeco de
ação de segunda classe.
"Três Reis" começa bem, promete mais, mas perde o rumo.
Avaliação:
Filme: Três Reis
Produção: EUA, 1999
Direção: David O. Russell
Com: George Clooney, Mark Wahlberg
Quando: a partir de hoje, nos cines
Paulista 1, West Plaza 3 e circuito
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