CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN

Encarar as mais de dez horas de "Band of Brothers" requer tanto heroísmo quanto o dos personagens da série. Afinal, são horas e horas de batalhas, de reconstituições detalhistas de momentos históricos e de conflitos humanos passados nos quase 12 meses entre o fatídico Dia D (do desembarque das tropas aliadas na Normandia), em 6 de junho de 1944, e o Dia V.E. (da Vitória na Europa), em 8 de maio de 1945.
Agora, já se pode escolher acompanhar cada capítulo no HBO ou assisti-los no ritmo que preferir em DVD (numa caixa recém-lançada, com seis CDs).
O que poderia ser um subproduto de "O Resgate do Soldado Ryan" é, na verdade, mais do que o filme de Steven Spielberg-Tom Hanks rendeu no cinema. Com exceção do primeiro capítulo, que parece copiar sem impacto o treinamento de "Nascido para Matar", de Kubrick, todos os seguintes são de tirar o fôlego. Toneladas de efeitos digitais gastas no esforço de reproduzir os saltos de milhares de pára-quedistas na noite na Normandia dão largada ao lado espetacular da série.
Mas não fica só nisso. Nas horas seguintes, são reconstituídos episódios essenciais como a tomada de Carentan (na França), a batalha de Bastogne (na Bélgica) sob péssimas condições, a disputa de Eindhoven (na Holanda) e a descoberta dos campos de extermínio (na Alemanha).
Melhor: em vez da habitual patriotada e dos eternos heróis imbatíveis a série mostra os soldados como jovens inexperientes, sujeitos a trapalhadas, fragilidades e vícios (prova de que as séries de TV norte-americanas de hoje assumiram certa ousadia que o cinema pôs de lado).
E a guerra é mostrada dessa perspectiva humana, da perda, dos massacres, a ponto de ao final o espectador questionar: afinal, se os americanos conhecem tão bem essa tragédia, por que tantos continuam a acreditar nela como solução para o mundo?

Band of Brothers (DVD)    
Direção: David Frankel, Tom Hanks, David Leland
Lançamento: Warner Home Video (2002)
Quanto: R$ 130, em média (seis DVDs)
Na TV: domingo, às 23h, no HBO