Terceiro volume da série "Clic", criada pelo consagrado quadrinista italiano, ganha nova edição no Brasil

PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Clic! Basta virar o botão de um controle remoto para transformar uma recatada senhora da alta sociedade, que se sente ultrajada quando há pessoas apenas mencionando sexo perto dela, em uma ninfomaníaca. Esta é a premissa da série erótica "Clic", do italiano Milo Manara, cujo terceiro volume acaba de ganhar uma nova edição no Brasil.
O primeiro "Clic" foi publicado em 1983 como uma descompromissada e divertida HQ erótica. Milo Manara, que ainda não era reconhecido como um dos grandes nomes do quadrinho europeu, criou um enredo simples para situações eróticas inusitadas.
Doutor Fez, um médico imoral, está apaixonado por Claudia Christiani, a linda e recatada mulher de um amigo. A cada avanço seu, ela faz questão de dizer que ele a "perturba".
Ao descobrir uma pequena máquina experimental capaz de liberar a sexualidade humana, o doutor resolve usar sua amada como cobaia.
Assim, Claudia é seqüestrada, e o receptor do aparelho é instalado nela. Com o controle remoto em mãos, basta ao doutor Fez ativar a máquina (clic!) e levar sua musa a situações não apenas eróticas, mas absurdas e humilhantes.
Claudia Christiani é uma espécie de dr. Jekyll e mr. Hyde, do livro "O Médico e o Monstro", mas, em vez de ira e violência, sua segunda personalidade aflora ao extremo o seu lado sexual. "Clic" não é só uma HQ erótica, mas uma história que segue a linha do absurdo e do inusitado para aproveitar as belas ilustrações de Manara, ótimo ao retratar tanto relações sexuais como belos corpos femininos.
A série fez sucesso e rendeu quatro livros estrelados por Claudia Christiani. Este que sai no Brasil agora é o terceiro volume, ambientado na Amazônia. Claudia Christiani, que é jornalista, está tentando fazer uma reportagem sobre uma seita que tenta estabelecer contato com extraterrestres excitando seus seguidores, mas impedindo-os de chegar ao orgasmo. Apenas este "estado de excitação máxima" seria capaz de provocar energia suficiente para a comunicação com a civilização alienígena.
Parece irreal? Esse enredo te faz pensar que não passa de um pretexto para inusitadas relações sexuais ilustradas pelo "mestre italiano do erotismo"? Não se culpe por pensar assim.
Manara, nesta série, não quer ser levado a sério.
Sexo, para ele, é apenas uma forma de se divertir inclusive quando retratado em uma história em quadrinhos.