São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011 |
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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO "Restrepo" tem a proeza de humanizar imagens da guerra CRÍTICO DA FOLHA "Documentário de guerra." Essas palavras pressupõem ação, manobras arriscadas, heróis fardados e reviravoltas espetaculares. Nada disso acontece no documentário "Restrepo". Aliás, pouca coisa acontece no filme. Não se vê um único inimigo, e as (poucas) cenas de ação mostram os soldados atirando em alvos tão distantes que precisam de miras telescópicas. "Restrepo" acompanha 15 meses na vida de um destacamento de 15 soldados norte-americanos em uma região desolada do Afeganistão, o vale Korengal, dominado pelo Talibã e chamado pela CNN de "o lugar mais perigoso do mundo". Mas o perigo não é mostrado. Quer dizer, ele está no rosto de cada um dos soldados -jovens de 19, 20 anos, que parecem não ter a menor ideia do que estão fazendo naquele fim de mundo- , mas só temos noção real do perigo pela reação deles. Os diretores -o fotógrafo de guerra Tim Hetherington e o escritor Sebastian Junger- não fazem nenhum julgamento moral e não tentam manipular a realidade. TÉDIO E TEMOR O filme não tem narração, música ou truques de edição. É seco e duro como o deserto afegão. Não há entrevistas com generais ou estrategistas. As câmeras estão ali apenas para registrar o dia a dia dos soldados. E a vida de um soldado no Korengal é uma mistura de tédio, temor e estupefação. Nenhum deles fala das razões que os levaram até lá. Só querem saber de matar o inimigo e voltar para a casa. Quando os soldados são surpreendidos num fogo cruzado e um deles morre, as reações dos colegas são chocantes. Não porque são extremas, mas porque são reais, captadas naquele instante. Um chora convulsivamente, outro grita de medo. "Restrepo" não espetaculariza a guerra, mas consegue a proeza de humanizar aquelas imagens que, infelizmente, já nos acostumamos a ver nos noticiários. E quando descobrimos que, poucos meses depois da filmagem, os Estados Unidos simplesmente abandonaram o local, aí é que se revela a absoluta inutilidade daquela operação toda. (ANDRÉ BARCINSKI) RESTREPO DIREÇÃO Tim Hetherington e Sebastian Junger PRODUÇÃO EUA, 2010 ONDE no cine Frei Caneca Unibanco CLASSIFICAÇÃO 12 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Cinema - Crítica/Drama: Longa repisa fórmulas do cinema global Próximo Texto: Crítica/Comédia: Tolices e moralismo arruinam humor dos irmãos Farrelly Índice | Comunicar Erros |
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