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TOM BRASIL - 8/4
Música cubana voltou a brilhar
CARLOS CALADO
especial para a Folha
O efeito Buena Vista entrou
em ação de novo. Com direito
até a charutos
na platéia do lotado Tom Brasil, terminou em clima de festa cubana, a quarta e última noite do Heineken Concerts.
Nem a falta do veterano cantor
Ibrahim Ferrer -astro do filme
"Buena Vista Social Club", que foi
convidado oficialmente a participar- impediu que a noite de sábado se tornasse uma celebração
à música cubana.
O pianista Ernán López-Nussa
acertou tanto na formação de seu
sexteto, como na escolha do repertório do show. Apesar de sua
assumida ligação com o jazz, fez
questão de incluir ritmos e gêneros tradicionais da música cubana. Para ajudá-lo a traçar esse panorama, o pianista recorreu a gerações distantes: ao lado do lendário percussionista Tata Güines,
70, estava a cantora Haydeé Milanés, de apenas 19 anos.
Essencial também foi o carisma
do veterano percussionista Dom
Pancho, que, vestido a caráter
com um chapelão "campesino",
conquistou logo a platéia com
seus requebros. Simpático, cantou até o samba "Maracangalha"
(de Dorival Caymmi).
Em versões frenéticas das conhecidas "Mambo Inn" e "Capullito de Aleli", além de composições próprias, López-Nussa e seus
parceiros mostraram como os ritmos cubanos podem conviver
com o jazz sem perder sua identidade e sabor.
A jovem Haydeé também excitou a platéia ao cantar "Yolanda"
(de seu pai, o mestre da "nueva
trova" Pablo Milanés), mas ainda
revela insegurança ao se arriscar
na jazzística "Sophisticated Lady"
(Ellington).
Maturidade é o que não falta à
cantora paulista Mônica Salmaso,
que abriu a noite com uma belíssima apresentação. Para isso,
contribuíram ativamente cinco
feras do instrumental brasileiro:
Nailor Proveta (sopros), Tutty
Moreno (bateria), Rodolfo Stroeter (contrabaixo), André Mehmari (piano) e Toninho Ferraguti
(acordeão), que esbanjaram talento no longo improviso de
"Sanfona" (Egberto Gismonti).
Mônica preferiu interpretar novas canções a recorrer ao repertório de seu último CD. Dele, lembrou apenas o samba "Minha Palhoça" (J. Cascata) e a delicada
"Negrinho do Pastoreio" (Joyce e
Silvia Sangirardi), em tom de acalanto. Uma etérea versão de "Mora na Filosofia" (Monsueto) esteve entre os grandes momentos.
Avaliação:
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