São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2000


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TOM BRASIL - 8/4
Música cubana voltou a brilhar

CARLOS CALADO
especial para a Folha


O efeito Buena Vista entrou em ação de novo. Com direito até a charutos na platéia do lotado Tom Brasil, terminou em clima de festa cubana, a quarta e última noite do Heineken Concerts.
Nem a falta do veterano cantor Ibrahim Ferrer -astro do filme "Buena Vista Social Club", que foi convidado oficialmente a participar- impediu que a noite de sábado se tornasse uma celebração à música cubana.
O pianista Ernán López-Nussa acertou tanto na formação de seu sexteto, como na escolha do repertório do show. Apesar de sua assumida ligação com o jazz, fez questão de incluir ritmos e gêneros tradicionais da música cubana. Para ajudá-lo a traçar esse panorama, o pianista recorreu a gerações distantes: ao lado do lendário percussionista Tata Güines, 70, estava a cantora Haydeé Milanés, de apenas 19 anos.
Essencial também foi o carisma do veterano percussionista Dom Pancho, que, vestido a caráter com um chapelão "campesino", conquistou logo a platéia com seus requebros. Simpático, cantou até o samba "Maracangalha" (de Dorival Caymmi).
Em versões frenéticas das conhecidas "Mambo Inn" e "Capullito de Aleli", além de composições próprias, López-Nussa e seus parceiros mostraram como os ritmos cubanos podem conviver com o jazz sem perder sua identidade e sabor.
A jovem Haydeé também excitou a platéia ao cantar "Yolanda" (de seu pai, o mestre da "nueva trova" Pablo Milanés), mas ainda revela insegurança ao se arriscar na jazzística "Sophisticated Lady" (Ellington).
Maturidade é o que não falta à cantora paulista Mônica Salmaso, que abriu a noite com uma belíssima apresentação. Para isso, contribuíram ativamente cinco feras do instrumental brasileiro: Nailor Proveta (sopros), Tutty Moreno (bateria), Rodolfo Stroeter (contrabaixo), André Mehmari (piano) e Toninho Ferraguti (acordeão), que esbanjaram talento no longo improviso de "Sanfona" (Egberto Gismonti).
Mônica preferiu interpretar novas canções a recorrer ao repertório de seu último CD. Dele, lembrou apenas o samba "Minha Palhoça" (J. Cascata) e a delicada "Negrinho do Pastoreio" (Joyce e Silvia Sangirardi), em tom de acalanto. Uma etérea versão de "Mora na Filosofia" (Monsueto) esteve entre os grandes momentos.


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