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FOTOGRAFIA
Exposição chega ao Sesc Pompéia no próximo dia 18
Paris vê êxodos deste século segundo Sebastião Salgado
RONALDO SOARES
de Paris
Quando inaugurar hoje à tarde
em Paris a exposição "Êxodos",
Sebastião Salgado estará expandindo o momento multimídia
que seu trabalho vive na cidade.
A exposição, que fica até 20 de
maio na Maison Européenne de la
Photographie, é o resultado de sete anos de peregrinação retratando a realidade de campos de refugiados e regiões de conflito em
mais de 40 países -o trabalho já
rendeu os livros "Êxodos" e "As
Crianças do Êxodo".
Além da exposição, o trabalho
de Salgado está presente em três
outras frentes na capital francesa.
Nas livrarias, com a edição em
francês de "Êxodos" e "As Crianças do Êxodo"; na televisão, com a
exibição de curtas baseados em
sua obra; e na mídia impressa no
jornal "Le Monde", que publica
diariamente fotos extraídas de
"As Crianças do Êxodo".
Para Salgado, o sucesso de seu
trabalho está relacionado ao interesse pelo tema que ele escolheu.
"A história dos refugiados, dos
imigrantes, do abandono do campo para a cidade, é muito forte.
Para mim, é a principal história
do fim do século 20", disse à Folha na sede de sua agência, a
Amazonas Images, em Paris, onde está radicado desde 1973.
Depois de acompanhar o drama
de refugiados e excluídos da sociedade, Salgado conclui que o
problema dos grandes deslocamentos humanos, sejam por
guerras ou questões econômicas e
religiosas, está longe de ser solucionado.
"Não vejo possibilidade de redução desse ciclo de abandono
pelo qual o mundo passa. Espero
que a gente tenha rompido um
ponto de equilíbrio para chegar a
outro, mas não consigo visualizar
nada que me diga que estamos caminhando em direção a uma certa estabilidade", afirmou.
Ao longo de suas peregrinações,
Salgado colecionou não só imagens que retratam o sofrimento
que o homem é capaz de impingir
ao próprio homem, como experiências pessoais intensas.
Em Ruanda, quando fotografava um dos conflitos mais sangrentos da África nos anos 90, ele caiu
em poder de um grupo que acreditava que ele estava a serviço da
tribo rival. Foi ameaçado de ter o
corpo retalhado a golpes de facão.
"Êxodos" é uma exposição itinerante e que pode ser apresentada em até oito lugares ao mesmo
tempo. A próxima etapa da exposição é o Sesc Pompéia, em São
Paulo, a partir do dia 18.
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