São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 2000


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FOTOGRAFIA
Exposição chega ao Sesc Pompéia no próximo dia 18
Paris vê êxodos deste século segundo Sebastião Salgado

RONALDO SOARES
de Paris

Quando inaugurar hoje à tarde em Paris a exposição "Êxodos", Sebastião Salgado estará expandindo o momento multimídia que seu trabalho vive na cidade.
A exposição, que fica até 20 de maio na Maison Européenne de la Photographie, é o resultado de sete anos de peregrinação retratando a realidade de campos de refugiados e regiões de conflito em mais de 40 países -o trabalho já rendeu os livros "Êxodos" e "As Crianças do Êxodo".
Além da exposição, o trabalho de Salgado está presente em três outras frentes na capital francesa. Nas livrarias, com a edição em francês de "Êxodos" e "As Crianças do Êxodo"; na televisão, com a exibição de curtas baseados em sua obra; e na mídia impressa no jornal "Le Monde", que publica diariamente fotos extraídas de "As Crianças do Êxodo".
Para Salgado, o sucesso de seu trabalho está relacionado ao interesse pelo tema que ele escolheu.
"A história dos refugiados, dos imigrantes, do abandono do campo para a cidade, é muito forte. Para mim, é a principal história do fim do século 20", disse à Folha na sede de sua agência, a Amazonas Images, em Paris, onde está radicado desde 1973.
Depois de acompanhar o drama de refugiados e excluídos da sociedade, Salgado conclui que o problema dos grandes deslocamentos humanos, sejam por guerras ou questões econômicas e religiosas, está longe de ser solucionado.
"Não vejo possibilidade de redução desse ciclo de abandono pelo qual o mundo passa. Espero que a gente tenha rompido um ponto de equilíbrio para chegar a outro, mas não consigo visualizar nada que me diga que estamos caminhando em direção a uma certa estabilidade", afirmou.
Ao longo de suas peregrinações, Salgado colecionou não só imagens que retratam o sofrimento que o homem é capaz de impingir ao próprio homem, como experiências pessoais intensas.
Em Ruanda, quando fotografava um dos conflitos mais sangrentos da África nos anos 90, ele caiu em poder de um grupo que acreditava que ele estava a serviço da tribo rival. Foi ameaçado de ter o corpo retalhado a golpes de facão.
"Êxodos" é uma exposição itinerante e que pode ser apresentada em até oito lugares ao mesmo tempo. A próxima etapa da exposição é o Sesc Pompéia, em São Paulo, a partir do dia 18.


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