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CRÍTICA
Waters faz filme-demência
DE NOVA YORK
John Waters , o Sérgio Bianchi americano, é um guerrilheiro contra Hollywood, e seu
"Cecil Bem Demente" é mais um
manifesto que um filme.
Exemplo: a certa altura, sua
gangue improvisada ataca o cinema que exibe uma imaginária
"versão do diretor" de "Patch
Adams". Para Waters, o mundo já
estava ruim com o original. Noutro momento, tenta sabotar a sequência de "Forrest Gump".
Exemplo 2: os guerrilheiros se
denominam "celibatários do celulóide" e trazem tatuados nos
braços os nomes de seus ídolos
(Andy Warhol, David Lynch, Pedro Almodóvar, Otto Preminger,
Spike Lee, entre outros).
Exemplo 3: o título vem do título de um artigo no "New York Times" que chamava Waters de o
Cecil B. DeMille ("Os Dez Mandamentos") da demência. A tradução brasileira também acerta.
Pois "Cecil Bem Demente" é a
história do personagem-título
(vivido por Stephen Dorff), diretor marginal que leva seu grupo a
raptar uma diva (Melanie Griffith,
ótima fingindo ser ela mesma) e a
obriga a estrelar seu filme. No
meio do caminho, ela se converte.
Exatamente como fez a milionária Patricia Hearst, neta do empresário que inspirou "Cidadão
Kane", raptada em 74 pelo grupo
terrorista Exército Simbionês de
Libertação, que participou de assaltos com seus sequestradores.
Detalhe: a própria Patricia aparece no filme, como a mãe de um
dos seguidores de Demente. Detalhe 2: ela foi uma das que receberam o polêmico perdão presidencial de Bill Clinton, outro talento marginal de Hollywood.
Não espere nada mais chocante
do diretor que já colocou um travesti para comer fezes caninas,
cozinhou carne de rato numa cena e dava autógrafos em absorventes usados. Ao lado de "Mamãe É de Morte", este é seu filme
menos radical. Mesmo assim, é
melhor que quase tudo que Hollywood produz.
(SÉRGIO DÁVILA)
Cecil Bem Demente
Cecil B. Demented
Produção: EUA, 2000
Direção: John Waters
Com: Stephen Dorff, Melanie Griffith
Quando: a partir de amanhã, nos
cinemas do Rio e de São Paulo
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