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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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Babenco inspirou livro de Paul Auster

DA REPORTAGEM LOCAL

Na memória de infância do cineasta Hector Babenco, nascido em Buenos Aires, em fevereiro de 1946, está gravada a frase em espanhol: "Vayanse todos, judios de mierda" (Fora, judeus de merda).
O insulto foi pichado na porta da alfaiataria de seu pai, no bairro portenho de Quilmes.
Os primeiros anos vividos num ambiente anti-semita (do qual a família procurou escapar mudando-se para Mar del Plata, litoral da Argentina, e em seguida para o Brasil), a descoberta da paixão pelo cinema e do talento para essa arte inspiraram o mais recente livro do escritor e cineasta norte-americano Paul Auster.
O leitor se lembrará de que se chama Hector, é um judeu nascido na Argentina e torna-se cineasta o personagem central de "O Livro das Ilusões" (Companhia das Letras).
Auster é uma das amizades que Babenco cultivou a partir de sua carreira internacional, que inclui títulos realizados nos Estados Unidos, como "O Beijo da Mulher Aranha" (1984), "Ironweed" (1987), indicado aos Oscar de melhor ator (Jack Nicholson) e melhor atriz (Meryl Streep) e "Brincando nos Campos do Senhor" (1991).
"O Beijo da Mulher Aranha", com Sonia Braga e William Hurt, foi a primeira produção internacional do diretor, depois do êxito dentro e fora do Brasil de "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980), esse, por sua vez, realizado na linha de sucessão de "Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia" (1977).
"Quando fiz "O Beijo da Mulher Aranha", eu não falava nada de inglês. Cada página do roteiro tinha uma versão em inglês e outra em português", diz Babenco.
"Quando acabaram as filmagens, achei aquilo uma vergonha e fui fazer um curso de imersão", conta. "Saía de lá todos os dias completamente idiotizado, repetindo coisas como "I am a boy. I am not a pencil" (Sou um garoto. Não sou um lápis.)." (SA)


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