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Babenco inspirou livro de Paul Auster
DA REPORTAGEM LOCAL
Na memória de infância do cineasta Hector Babenco, nascido
em Buenos Aires, em fevereiro de
1946, está gravada a frase em espanhol: "Vayanse todos, judios de
mierda" (Fora, judeus de merda).
O insulto foi pichado na porta
da alfaiataria de seu pai, no bairro
portenho de Quilmes.
Os primeiros anos vividos num
ambiente anti-semita (do qual a
família procurou escapar mudando-se para Mar del Plata, litoral da
Argentina, e em seguida para o
Brasil), a descoberta da paixão pelo cinema e do talento para essa
arte inspiraram o mais recente livro do escritor e cineasta norte-americano Paul Auster.
O leitor se lembrará de que se
chama Hector, é um judeu nascido na Argentina e torna-se cineasta o personagem central de
"O Livro das Ilusões" (Companhia das Letras).
Auster é uma das amizades que
Babenco cultivou a partir de sua
carreira internacional, que inclui
títulos realizados nos Estados
Unidos, como "O Beijo da Mulher
Aranha" (1984), "Ironweed"
(1987), indicado aos Oscar de melhor ator (Jack Nicholson) e melhor atriz (Meryl Streep) e "Brincando nos Campos do Senhor"
(1991).
"O Beijo da Mulher Aranha",
com Sonia Braga e William Hurt,
foi a primeira produção internacional do diretor, depois do êxito
dentro e fora do Brasil de "Pixote,
a Lei do Mais Fraco" (1980), esse,
por sua vez, realizado na linha de
sucessão de "Lúcio Flávio - O Passageiro da Agonia" (1977).
"Quando fiz "O Beijo da Mulher
Aranha", eu não falava nada de inglês. Cada página do roteiro tinha
uma versão em inglês e outra em
português", diz Babenco.
"Quando acabaram as filmagens, achei aquilo uma vergonha
e fui fazer um curso de imersão",
conta. "Saía de lá todos os dias
completamente idiotizado, repetindo coisas como "I am a boy. I
am not a pencil" (Sou um garoto.
Não sou um lápis.)."
(SA)
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