São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra traz obras que nunca deixaram o Georges Pompidou

"Parade" traça panorama da arte ao longo do século 20

ANA CÂNDIDA DE AVELAR
DA REDAÇÃO

Uma exposição sobre o panorama da arte no século 20 está prestes a desembarcar no país. "Parade" -mostra que leva o nome da obra de Picasso (1881-1973), de 1917, uma cortina de grandes dimensões (10,5 m de altura por 16,5 m de comprimento) feita para o cenário de um balé e que estará presente no evento- acontecerá a partir de 2 de outubro na Oca (o pavilhão Lucas Nogueira Garcez do parque Ibirapuera em São Paulo).
"A cortina [de Picasso" sugere um desfile de toda a arte, que é o que pretendemos fazer. Quase todos os movimentos artísticos do século 20 terão seu espaço dentro do prédio de Niemeyer que parece ser do século 21", diz Nelson Aguilar, 55, curador da mostra (e curador-geral da Associação Brasil + 500) juntamente com Laurent le Bon -o curador representante do centro Georges Pompidou, instituição parceira da associação (esta que organiza a Bienal de São Paulo).
Ainda representando o lado francês da parceria entre Brasil e França, veio ao Brasil Jean-Jacques Aillagon, presidente do centro de artes plásticas que cederá obras de seu acervo para a exposição na Oca.
Sobre a mostra, que terá mais de 200 obras produzidas entre 1901 e 2001 -já confirmadas estão "Roda de Bicicleta" (1913), de Marcel Duchamp, e "Mesa" (1933), escultura de Alberto Giacometti-, ele disse à Folha que "o centro mantém esse tipo de intercâmbio com outros países, como Japão e Estados Unidos, mas essa será uma mostra inédita".
"Espero ainda continuar nosso intercâmbio com futuros eventos, pois o Brasil é muito ativo no campo das artes plásticas", disse Aillagon.
O presidente do Pompidou também afirmou que o porte das obras da mostra será digno das dimensões do prédio que a comportará -a Oca tem cerca de 9.000 m2. "Escolhemos obras monumentais para aproveitar o espaço que é uma obra-prima do século 20."
O critério usado para a escolha das obras -afinal seria impensável tema mais abrangente- foi que os artistas escolhidos já tivessem passado pela França ou tivessem ligação com o país. Nomes como Matisse, Picasso, Derain, Marcel Duchamp, César, Brancusi, Tinguely, Christo, Kandinsky, Braque e Annette Messager terão espaço na mostra.
Além disso, um catálogo será produzido. "Será um catálogo histórico e antológico, pois trará textos literários de escritores franceses contemporâneos dos artistas acompanhando cada obra representada", contou Edemar Cid Ferreira, 57, presidente da Associação Brasil + 500.
"O Georges Pompidou ficará três meses sem as obras, algumas delas nunca saíram da França antes", comentou.
Design, cinema e vídeo também estarão presentes no evento. "Os vídeos escolhidos foram produzidos pelo próprio centro Pompidou em parceria com os artistas", afirmou Aguilar.
Alguns dos trabalhos que estarão na mostra são "Musa Adormecida" (1910), de Constantin Brancusi; "Route à l'Estaque" (1908), de Georges Braque; "Roda de Bicicleta" (1913), de Marcel Duchamp, e "Precious Liquids" (1992), de Louise Bourgeois.
O acervo do centro Georges Pompidou tem cerca de 50 mil obras -são pinturas, esculturas, fotos, desenhos e projetos de design e arquitetura e vídeos.
Há previsão de que a mostra permanecerá até o dia 15 de janeiro de 2002 e os custos, por enquanto, serão por conta da Associação Brasil + 500 e de patrocínio que ainda se encontra em fase de arrecadação.



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